Em entrevista sobre o pequeno (66 páginas) “Quenga de plástico”, a autora Juliana Frank comenta que:
As mulheres estão tomando a primeira pessoa, levantaram as ancas do banco dos réus, molharam a pena na privada do diabo, colocaram as tetas na mesa e mostram o que pensam sobre o sexo, é o momento.
O livro conta a história de Leysla Kedman, e já pelo nome dela dá para imaginar que o realismo não é o forte do livro. A personagem principal é obcecada por sexo, fica rica e empobrece algumas vezes, é atriz de vários filmes pornô, é estuprada e se apaixona pelo estuprador, mata dois homens, tem uma melhor amiga que é anã e viciada em cocaína. Sobre esta loucura toda, na mesma entrevista Juliana Frank acrescenta:
Gosto de gostar do que estou escrevendo, acredito metafisicamente que essa sensação passa para o leitor. Se eu não me divertir escrevendo, não mostro. Se eu mexer e não ficar satisfeita, desisto. Tenho certeza que texto forçado exaure quem lê. Eu opero no meu registro; estou, no momento, hipnotizada nele. Me sinto livre escrevendo. Fui criada com liberdade. Posso brincar de fazer “literobocetismo” sem me preocupar.
E ainda:
O que me atrai é: no momento sexual, nós entramos em contato com um lado primevo, ele não deve ser perdido. Por isso, minhas personagens são sádicas, perversas, “arruaçantes”. Gosto de brincar de soltar esse lado animal no papel.
Extravasar o lado animal não que dizer, obviamente, fazer tudo o que a personagem faz. Em outra entrevista, a autora conta que
Muita gente confunde as coisas. Porque eu escrevi a ‘Quenga’, achavam que eu era prostituta.
Na verdade, “Quenga de plástico” é tão pouco realista que é necessário ter muita falta de imaginação para achar que o livro é “baseado em fatos reais”.
O importante, de todo modo, é que o romance é muito divertido: obra de quem realmente sabe brincar com as palavras e situações.
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