“A Leste do Éden”, de John Steinbeck e “Esaú e Jacó”, de Machado de Assis
Literatura

“A Leste do Éden”, de John Steinbeck e “Esaú e Jacó”, de Machado de Assis

1 de agosto de 2015 0

Tanto em A Leste do Éden, de John Steinbeck, quanto em Esaú e Jacó, de Machado de Assis, dois irmãos são apaixonados pela mesma mulher.

O título dos dois livros se reportam ao Gênesis: Caim foi exilado para um local “a leste do Éden” depois de ter assassinado seu irmão, Abel; Esaú e Jacó eram os dois filhos do patriarca Isaac. Além disso, o nome dos irmãos Trask, do romance de Steinbeck, Caleb e Aron, são retirados da Bíblia.

Em ambos os romances a história dos irmãos convive com muitas outras: em Esaú e Jacó, o convívio da história principal se faz com as muitas digressões e com os muitos personagens secundários; em A leste do Éden, Cal (apelido de Caleb) e Aron Trask só aparecem no terço final do livro.

Mas as semelhanças param por aí: o livro de Machado de Assis é leve, divertido, brilhante, cheio de digressões geniais. Já o de Steinbeck é lento, pesado, cansativo mesmo. Tão chato às vezes que desistia de o ler – e demorei quase seis meses para terminá-lo, ao contrário do livro de Esaú e Jacó, lido bem mais rapidamente.

Mas há o outro lado: os personagens do livro de Machado de Assis praticamente não existem. Não há qualquer profundidade em Pedro e Paulo (os irmãos “Esaú e Jacó”) e na amada deles, Flora. Já os personagens de Steinbeck são tão bem construídos e profundos que não importava se eu deixava a leitura por dois meses: eu lembrava exatamente quem eram e o que queriam os participantes de “A leste do Éden” – e retomava a leitura sem precisar reler nada.

Quem, então, escolho? Por pequena margem, o livro de John Steinbeck – no qual foi baseado o primeiro filme em que James Dean foi protagonista, na pele de Cal Trask.

Mas não tem como esquecer que a grande literatura também é feita de livros leves, brilhantes, cheios de digressões geniais: a leitura de Machado de Assis é sempre deliciosa.

(texto escrito em 2014)

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