Três da manhã, e meu aparelho de som toca uma canção maravilhosa do João Mineiro e Marciano. A Kissy está no meu colo e fico perguntando por que eu simplesmente não durmo oito horas por noite, como todo o mundo. Bem, pelo menos muita gente que conheço dorme, ou diz que dorme, oito horas por noite.
Eu não.
É três da manhã e sei que dificilmente vou conseguir ir pra cama antes das quatro. Eu comecei este texto, não sei bem aonde ele vai parar, e tenho que acordar às oito.
Pois é… “eu mudei minha cara / mas por dentro eu não mudo”. Vamos dar tempo ao tempo. Eu espero. Hoje é moda, entre o pessoal “descolado”, gostar do Roberto Carlos. Quando escutamos aquelas canções do Rei, aquelas antigas, nos arrepiamos. Nos arrepiamos com a sinceridade da voz do Rei, com a beleza e a singeleza das canções, com a Arte colocada ali. Pois é – eu disse que espero, e agora explico: esta duplinha, João Mineiro e Marciano, um dia vai receber os louros que Rei recebe hoje, escreva o que estou dizendo. “Eu daria minha vida pra você voltar / eu daria minha vida pra você ficar”… você já ouviu isto? Pois é uma injustiça enorme você ficar sem graça ao dizer que é fã de João Mineiro e Marciano para fãs de coisas horrendas como Men at Work, Kid Abelha e Barão Vermelho. Este mundo parece injusto, mas, como prova o sucesso perene do Roberto Carlos, Bob Marley e Frank Sinatra, nem sempre é tão injusto assim. E é o sucesso destes caras que me faz ter esperança que um dia a justiça vai chegar pro João Mineiro e pro Marciano também. Chegou pra Bach mais de cem anos depois de sua morte, vai chegar pra esta dupla também!
3 e 37 da manhã. Será que vou ter vergonha na cara de finalmente ir pra cama?
(texto escrito em 2001)
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