Realeza
Numa bela manhã, numa terra de um povo muito gentil, um homem e mulher magníficos gritavam em praça pública. “Meus amigos, eu quero que ela seja rainha!” “Eu quero ser rainha!” Ela ria e tremia. Ele falava aos amigos de revelação, de prova superada. Eles desfaleciam, um contra o outro.
Na verdade, eles foram reis toda uma manhã, em que cortinas cor de carmim se levantaram sobre as casas, e toda a tarde, quando avançaram ao lado dos jardins de palmeiras.
Democracia
A bandeira vai à paisagem imunda, e nosso dialeto asfixia o tambor.
Nos centros alimentaremos a mais cínica prostituição. Nós massacraremos as revoltas lógicas.
Aos países apimentados e encharcados! Ao serviço das mais monstruosas explorações industriais ou militares.
Até a próxima, não importa onde. Recrutas do bem querer, teremos a filosofia feroz; ignorantes para a ciência, espertos para o conforto; e que este mundo rebente (*). É a verdadeira marcha. Adiante, vamos!
(*) conforme a versão de Lêdo Ivo (Francisco Alves, 1982)
(In: Illuminations – traduções feita em 2015)
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