“Realeza” & “Democracia”, de Jean Arthur Rimbaud
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“Realeza” & “Democracia”, de Jean Arthur Rimbaud

20 de abril de 2015 0

Realeza

Numa bela manhã, numa terra de um povo muito gentil, um homem e mulher magníficos gritavam em praça pública. “Meus amigos, eu quero que ela seja rainha!” “Eu quero ser rainha!” Ela ria e tremia. Ele falava aos amigos de revelação, de prova superada. Eles desfaleciam, um contra o outro.

Na verdade, eles foram reis toda uma manhã, em que cortinas cor de carmim se levantaram sobre as casas, e toda a tarde, quando avançaram ao lado dos jardins de palmeiras.

 

Democracia

A bandeira vai à paisagem imunda, e nosso dialeto asfixia o tambor.

Nos centros alimentaremos a mais cínica prostituição. Nós massacraremos as revoltas lógicas.

Aos países apimentados e encharcados! Ao serviço das mais monstruosas explorações industriais ou militares.

Até a próxima, não importa onde. Recrutas do bem querer, teremos a filosofia feroz; ignorantes para a ciência, espertos para o conforto; e que este mundo rebente (*). É a verdadeira marcha. Adiante, vamos!

(*) conforme a versão de Lêdo Ivo (Francisco Alves, 1982)

(In: Illuminations – traduções feita em 2015)

 

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