Blink 182: álbum homônimo
Música

Blink 182: álbum homônimo

15 de abril de 2015 0

Formado por Tom DeLonge (voz e guitarra), Mark Hoppus (voz e baixo) e Travis Barker (bateria), o Blink 182 é uma banda do chamado hardcore melódico (na falta de denominação melhor), com uma grande pegada, ótimas melodias e uma rara noção de dinâmica. A critica sempre avacalhou o grupo por causa da escatologia e do mau gosto das letras, enquanto que os adeptos do hardcore mais radical nunca os aceitaram por achá-los alienados. Seu mais recente álbum, homônimo (Universal, 2003), se não livra totalmente a banda das críticas dos radicais, certamente não pode ser acusado de escatológico: chamado por parte da critica de seu álbum mais “maduro”, “Blink 182” transpira melancolia e desilusão por grande parte de suas faixas.

E não dá para negar que as novas letras do Blink estão longe de ser ruins. “Feeling” this começa quente e sexy (“I wanna take off her clothes / show me the way to bed” – Eu quero tirar suas roupas / me mostre o caminho da cama) e a desilusão aparece sutilmente, num belo efeito (“are we alone, do you feel it” – nós estamos sós, você sente isso?); “Violence” fala de sentir falta da pessoa amada, e tem a frase: “Like violence you have me / forever and after” (como violência você me tem / para sempre e depois); “Go” é pungente e confessional, contando como Mark e sua mãe fugiram, com medo, de casa por causa do homem violento com quem ela morava (“Mom get in the car, and let’s drive away / she said I’m sorry Mark, but there’s nowhere to stay” – A mãe chegou no carro, e fomos embora / ela disse ‘desculpe Mark’, mas não há lugar pra ficarmos); “Asthenia” é desiludida (“My head is made up of memories / most of them useless  delusions / this room is bored of rehearsal / and sick of the boundaries / I miss you so much” – Minha cabeça é composta por memórias / a maioria delas inútil / este lugar está cansado de tentativas / e doente por causa de seus limites / Eu sinto tanta falta de você), assim como “I’m Lost Without You” (“Are you afraid of being alone / cause I am, I’m lost without you” – Você está com medo de ficar sozinha? / porque eu estou / Eu fico perdido sem você).

Se as boas letras do novo disco não abrem nenhuma brecha para os que os criticavam pela escatologia, musicalmente “Blink 182” não vai agradar quem já não gostava do som deles – mas é um deleite para os fãs: o álbum tem aquele mesmo som luminoso característico da banda, aproveitando com maestria o fato de ter dois bons vocalistas (Mark e Tom) e sabendo como poucos trabalhar a dinâmica das canções: a maioria delas utiliza temas em suspensão nas estrofes, crescendos pouco antes dos refrões  – que chegam como uma verdadeira catarse. O disco é musicalmente tão bom e uniforme que é até difícil apontar destaques: de todo o modo, “Down”, “Violence”, “Always”, “Feeling This” e, principalmente, as lindas “Go”, “I Miss You” e “Asthenia” parecem estar um pouco acima das demais.

E “Blink 182” tem ainda uma bela balada (“I’m Lost Without You”) e uma faixa com sonoridade totalmente diferente da usual da banda, com Robert Smith cantando as estrofes e os dois vocalistas da banda nos refrões: “All Of This”, que parece muito mais uma música do Cure do que do Blink. Um toque de classe num álbum quase perfeito.

(texto escrito em 2004)

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