Valdez vem aí
Literatura

Valdez vem aí

18 de outubro de 2025 0

Valdez Vem Aí (Editora Rocco, 218 páginas, ano de publicação original: 1969), do grande escritor de westerns Elmore Leonard, começa com um homem encurralado em sua própria casa por um grupo de pessoas, incluindo pistoleiros a mando do Sr. Tanner. O chefe dos pistoleiros suspeita que o homem acuado seja um foragido do exército que assassinou um de seus homens.

Roberto Valdez, que representa a lei na aldeia onde estes acontecimentos se desenrolam, surge sem ser chamado, mas é completamente ignorado por todos. A situação se encontra em um impasse: o homem não sai da casa e, por estar armado, os pistoleiros e Tanner não tentam invadir o local. Em meio a esse ambiente tenso, a mulher do encurralado — uma indígena grávida — entra na residência sem dirigir a palavra aos presentes.

Algum tempo depois, Valdez consegue penetrar no local e convencer o homem a sair para se explicar. Assim que deixam a casa, os pistoleiros do Sr. Tanner — que desconheciam a negociação — começam a disparar. Sentindo-se traído, o homem acuado tenta atirar em Valdez, que, em legítima defesa, reage e o mata.

Chamado para reconhecer o morto, o Sr. Tanner declara, com a maior tranquilidade, que se enganara: aquele não era o foragido que procurava. Uma pessoa havia sido assassinada por engano, e o chefe dos pistoleiros permanecia completamente indiferente.

Mas Valdez não estava. Ele vai conversar com a indígena e lhe promete quinhentos dólares para que ela possa sustentar o filho após o nascimento. Ela se mostra tão inexpressiva que mal consegue responder, mas Valdez leva a promessa a sério. À noite, ele procura alguns dos presentes na caçada ao negro para tentar fazer uma coleta e dar o dinheiro à viúva. Todos riem dele e o aconselham a procurar o Sr. Tanner, que vivia com seus asseclas em um local distante da aldeia.

Decidido, o protagonista se dirige à propriedade, onde é pessimamente recebido. Tanner recusa-se a pagar os quinhentos dólares, e seus pistoleiros, para assustar Valdez, disparam vários tiros próximos ao seu corpo, mas sem feri-lo. O homem da lei não chora nem implora. Apenas observa, quase impassível, aqueles que o ameaçam.

Mesmo sabendo que o pior poderia acontecer, Valdez retorna no dia seguinte. Desta vez, a recepção é pior. Ele é espancado, e duas varas em forma de cruz são presas em suas costas, de modo que é obrigado a sair da propriedade de Tanner andando com grande dificuldade e sem poder olhar para cima. É neste sofrimento extremo que ele é forçado a deixar o local.

Mas Roberto Valdez não desiste e volta lá. Só que não vou contar mais nada para não estragar a surpresa. O que posso dizer é que a aventura está só começando.

Em Valdez Vem Aí, não há a preocupação de situar a história no tempo. O leitor só sabe que está no Velho Oeste por causa de alguns detalhes, como a ausência de veículos motorizados — o transporte é feito por tração animal. Os personagens principais são muito bem construídos, e suas personalidades são reveladas mais por atos do que por descrições minuciosas: Elmore Leonard não subestima a inteligência do leitor.

O livro mostra um Velho Oeste sem lei, onde o homem que a representa só tem poder na medida em que sabe atirar bem. Neste universo brutal, Valdez Vem Aí narra uma profunda história de moralidade e justiça. O protagonista tem consciência do que é certo e luta por isso — mas seu caminho é tão sangrento e a sua caracterização é tão bem-feita, que em nenhum momento o livro resvala na pieguice.

Em resumo, esta é uma espetacular obra de aventuras, que prende completamente a atenção do leitor da primeira à última página, e uma obra-prima da literatura de westerns.

(Texto publicado na segunda metade dos anos 2000 no Mondo Bacana.

Imagem obtida com o Google Gemini.

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