Viva Hate (1988/1997)
Morrissey disse, em uma entrevista, que foi importante o lançamento deste disco pouco tempo depois do fim dos Smiths, para que o grande público logo tomasse conhecimento da sua carreira como cantor solo. E ele foi feliz neste intento. Viva Hate, que impressiona pela variedade musical, alcançou grande sucesso comercial, chegando ao primeiro posto da parada britânica. Os maiores destaques são os hits “Everyday Is Like Sunday” e “Suedehead”, a acolhedora “Break Up The Family”, a desesperada “Angel, Angel, Down We Go Toghether” e a amarga e debochada “Ordinary Boys”. Em 1997, este mesmo álbum foi relançado – com capa diferente e o acréscimo de oito faixas excluídas da primeira edição.
Bona Drag (1990)
A maior parte da crítica odiou esta coletânea de singles lançados entre 1987 e 1989. A extinta revista Bizz, por exemplo, chamou Bona Drag de “conjunto de canções anódinas”. Mas hoje, ouvido com calma, é impressionante como um punhado de canções – a maioria delas simples e aparentemente despretensiosas – pode deixar o ouvinte tão feliz. As melhores são a melodiosa “Will Never Marry”, as ensolaradas “Picadilly Palare” e “Hairdresser On Fire” e a meio-engraçada-meio-pungente “Ouija Board, Ouija Board”. (Interessante notar que este disco tem “Suedehead” e “Everyday Is Like Sunday”, que já haviam sido lançadas em Viva Hate – a repetição de faixas é uma constante na carreira de Morrissey, tanto solo quanto nos Smiths.)
Kill Uncle (1991)
Amargo e difícil, este álbum foi ainda mais desprezado pela crítica do que o anterior. É extremamente lento – a impressão que dá nas primeiras audições é que Kill Uncle simplesmente não consegue sair do lugar. Com o tempo, entretanto, o disco cresceu – e muito – em qualidade. Hoje em dia simplesmente não dá para negar a excelência de canções complexas e angustiantes como “Mute Witness”, “The Harsh Truth Of The Camera Eye” e “There’s A Place In Hell For Me And My Friends”.
Your Arsenal (1992)
Significou um renascimento para Morrissey, tanto em termos de crítica como de público – nenhum outro disco da cantor havia vendido tanto nos Estados Unidos, incluindo os dos Smiths. Neste álbum, ele flerta com o rockabilly, com canções mais pesadas do que fizera em praticamente toda a sua carreira (“We Hate When Our Friends Become Successful”, “You’re Gonna Need Someone On Your Side”), além das emocionantes “I Know It’s Gonna Happen Someday” (balada valseada no melhor estilo fiftie) e “We’ll Let You Know” (espécie de “resumo de toda a sua carreira”, segundo o próprio cantor, que considera esta a sua melhor canção).
Beethoven Was Deaf (1993)
Segundo o encarte, este disco foi todo gravado ao vivo em Paris – entretanto, algumas canções foram gravadas em outro show, em Londres. O álbum foi lançado aproveitando o sucesso de Your Arsenal, e é quase todo baseado neste. Como bem notou na época o grande jornalista José Augusto Lemos, algumas canções (como “We’ll Let You Know”, “He Knows I’d Love To See Him” e “National Front Disco”) estão melhores aqui do que nas versões de estúdio.
Vauxhall And I (1994)
Brilhante em todos os sentidos, este álbum é considerado por muitos o melhor disco da carreira solo de Morrissey. Mais lento que Your Arsenal,Vauxhall And I tem tanto letras extraordinárias (a assustadora “Lifeguard Sleeping, Girl Drowning”, e a impressionante “Why Don’t You Find For Yourself”) quanto melodias arrebatadoras (“Now My Heart Is Full”, “The More You Ignore Me, The Closer I Get”, “Speedway”). No todo, um disco melancólico, pungente e muito, mas muito emocionante.
World Of Morrissey (1995)
Coletânea com lados-A de singles, além de músicas que já haviam aparecido em outros discos. O maior destaque é “Boxers”, uma das mais belas canções que Morrissey já fez (se não a mais bela de todas).
Southpaw Grammar (1995)
O álbum mais barulhento de toda a carreira de Morrissey foi injustamente desprezado por grande parte da crítica, que simplesmente ignorou o seu impressionante punch. Os maiores destaques são “Reader Meet Author” (que tem a frase “Have you ever escaped from a shipwrecked life?” – “Você já escapou de uma vida naufragada?”), a épica e sombria “The Teachers Are Afraid Of The Pupils” e as pesadas “Do Your Best And Don’t Worry” e “Best Friend On The Payroll”.
Maladjusted (1997)
O mais recente álbum de estúdio de Morrissey é irregular. Tem algumas faixas excelentes (a complexa faixa-título, as pungentes “Trouble Loves Me”, “Ammunition” e “Alma Matters”), e outras nem tanto (a lenta “He Cried” e a chata “Roy’s Keen”).
The Best Of Morrissey (1997)
Coletânea da EMI feita especialmente para o mercado inglês, com os maiores sucessos do cantor nos discos solo lançados pela gravadora (deViva Hate até World Of Morrissey), além de apresentar algumas canções que não haviam saído anteriormente em álbuns – como “Interlude”, dueto com Siouxsie Sioux.
My Early Burglary Years (1998)
A expectativa era de uma coletânea apenas com b-sides, mas o disco acabou sendo lançado também com faixas que tinham aparecido em outros álbuns. No todo, My Early Burglary Years ficou extraordinário, um disco para se levar para uma ilha deserta. Tem uma espetacular seqüência (as intensas e profundamente emocionantes “I’d Love To”, “Girl Least Likely To”, “I’ve Changed My Plea To Guilty” e “Michael’s Bonés”) que também é encontrada na supracitada reedição do álbum Viva Hate. Tem as pérolas “Swallow On My Neck”, “Black-Eyed Susan”, “Jack The Ripper” (ao vivo) e “Reader Meet Author. Como se não bastasse, ainda tem “Boxers” e uma nova versão do T-Rex (“Cosmic Dancer”, também ao vivo).
Oye Esteban (DVD, 2000)
O único DVD de Moz, até agora. Compila 19 videoclipes lançados pelo cantor em sua carreira solo: “Everyday Is Like Sunday”, “Suedehead”, “Will Never Marry (Live)”, “November Spawned A Monster”, “Interesting Drug”, “Last Of The Famous International Playboys”, “My Love Life”, “Sing Your Life”, “Seasick, Yet Still Docked”, “We Hate It When Our Friends Become Successful”, “Glamorous Glue”, “Tomorrow”, “You’re The One For Me Fatty”, “The More You Ignore Me, The Closer I Get”, “Pregnant For The Last Time”, “Boxers”, “Daggenham Dave”, “Boy Racer”, “Sunny”.
The Best Of Morrissey (2001)
Coletânea da Rhino Records com excelente qualidade de edição, feita especialmente para o mercado norte-americano. O disco, cujo repertório foi escolhido pelo próprio Morrissey, engloba toda a carreira solo do cantor até Maladjusted.
B-sides
Os Smiths não lançaram em álbuns grandes canções como “Jeanne” e “I Keep Mine Hidden”. Na carreira solo de Morrissey, a coisa se torna ainda mais incompreensível. É impossível alguém adivinhar por que alguém põe em lados B de singles canções como as belíssimas “Lost” (para mim, uma das músicas mais bonitas de todos os tempos), “I Know Very Well Where I Got My Name”, a versão de estúdio (e cheia de climas) de Jack The Ripper e a angustiante “This Is Not Your Country”.
(texto publicado no Mondo Bacana em 2008)
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