“Outono”, de Karl Ove Knausgård
Literatura

“Outono”, de Karl Ove Knausgård

23 de outubro de 2022 0

Para fãs da série “Minha Luta”, de Karl Ove Knausgård, como eu, o livro recém-lançado “Outono” (Companhia das Letras, tradução direta do norueguês de Guilherme da Silva Braga, publicado originalmente em 2015), o primeiro da Quadrilogia das Estações, causa ao mesmo tempo uma estranheza e uma sensação de conforto. Comecemos pelo último.

O estilo autobiográfico, detalhista e ensaístico de Knausgård está lá, praticamente intacto, o que deixa os fãs se sentirem em terreno conhecido. Mas a diferença para a série “Minha Luta” (nada a ver com o livro de Hitler) é gigantesca. 

A Quadrilogia das Estações apresenta um volume para cada uma das estações do ano: “Outono” é o primeiro deles, e o único lançado até agora no Brasil (eu tenho a versão em inglês de “Winter”, que já comecei a ler inclusive). Ao contrário da série “Minha Luta”, detalhista ao extremo – na qual um jantar, por exemplo, pode ser descrito em cerca de cem páginas -, os livros da Quadrilogia das Estações são compostos por pequenos textos de cerca de três páginas cada um, comentando sobre assuntos variados, como latas de conserva, ambulâncias, chaminés e águas vivas.

A série é uma espécie de manual de instruções para uma filha que ainda não tinha nascido (e que agora tem oito anos). Knausgård comenta no primeiro texto do livro:

“Eu quero mostrar a você o mundo em que vivemos da maneira como é agora: a porta, o assoalho, a pia e o tanque, a cadeira de jardim, apoiada na parede sob a janela, o sol, a água, as árvores. Você há de vê-lo do seu próprio jeito, você há de criar as suas próprias experiências e viver a sua própria vida, então é acima de tudo para mim que eu faço isso: mostrar o mundo a você faz com que valha a pena viver minha vida.”

Finalmente, o que o fã aqui achou de “Outono”? Maravilhoso, claro.

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