“São Luís de Tolosa”, de Léon Chancerel
Religião

“São Luís de Tolosa”, de Léon Chancerel

12 de outubro de 2022 0

Sou fascinado por São Luís de Tolosa, ou São Luís d’Anjou, sobre o qual já escrevi aqui. Numa das minhas muitas procuras na internet sobre o santo, acabei achando na Estante Virtual um livrinho de 109 páginas, publicado pela Editora Vozes em 1958, que prontamente comprei. No livro não há nenhuma indicação de tradutor mas, conforme a Wikipédia francesa, o autor do livro, Léon Chancerel (1886-1965), era um escritor, diretor de teatro e dramaturgo. Uma de suas distinções foi ter recebido a “Ordre de la Francisque”, do regime de Vichy, e seu livro sobre o santo tinha sido publicado originalmente em 1943. 

Nobre que queria ser franciscano, São Luís d’Anjou (1274-1297) teve uma vida curta e espantosa: era herdeiro ao trono da Sicília e foi sequestrado durante sete anos na infância e adolescência junto com dois irmãos no lugar de Carlos II, seu pai, que tinha perdido uma batalha naval para os aragoneses.

Segundo Léon Chancerel,

“muito intensa até o século XVI, sobretudo em Valença, Nápoles, Marselha, Brignoles e Toulouse e incentivada e mantida, por motivos familiares e políticos, pelos soberanos da França e da Espanha, a devoção a São Luís aos poucos foi abandonada, para quase não mais subsistir hoje, viva, senão entre os Frades Menores.  

Na devoção popular há santos privilegiados. São Luís d’Anjou não é destes. Não se lhe atribui nenhuma “especialidade”, seja para curar dores de dentes, seja para fazer ganhar causas desesperadas ou reencontrar os objetos perdidos. Nenhuma anedota romanesca, nenhum elemento pinturesco na sua vida, para reter a atenção das multidões. Deste ponto de vista, S. Luis d’Anjou pode ser considerado um santo que “não foi bem sucedido”. Entremeado a um período particularmente complexo da história europeia, são quase inexistentes os documentos de arquivo concernentes à sua ação política. Não temos dele nenhuma carta. Quanto ao orador sacro, nenhum texto escrito nos informa sobre o valor teológico, filosófico e literário dos seus sermões. Nenhuma carta, nenhumas memórias, emanadas da sua mão, chegaram até hoje a nós.”

Não importa. O livro de Léon Chancerel é delicioso, foi uma sorte tê-lo encontrado na Estante Virtual.

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