Literatura

Revisitando Isaías Caminha

25 de fevereiro de 2020 0

Já comentei aqui e aqui, respectivamente, a primeira e a segunda leituras de “Recordações do escrivão Isaías Caminha”. Na primeira leitura, escrevi:

Confesso que tenho um problema com Lima Barreto. Já tinha sido um sofrimento ler “Triste fim de Policarpo Quaresma”, e com este “Recordações do Escrivão Isaías Caminha” a coisa não foi diferente. Ele tem algo no estilo – lamentoso demais – que acaba dificultando a leitura.

Já na segunda, parece que um véu me saiu dos olhos:

Realmente, “Recordações do escrivão Isaías Caminha” é um livro amargo, mas isto, que tinha me chamado atenção na primeira leitura, é apenas parte da história: o fato é que as descrições de pessoas e situações apresentadas por Lima Barreto são vívidas, tão bem executadas que conseguem descortinar para o leitor toda uma época, quase como se visitássemos o Rio de Janeiro dos primeiros anos da República. O livro cintila.

Depois disso, postei no Instagram uma foto – que acompanha este texto – na qual comento que “Recordações do escrivão Isaías Caminha” é o “melhor livro da literatura brasileira, e não admito opiniões contrárias”.

Depois da postagem fiquei me perguntando se eu não estava sendo injusto com o restante da literatura brasileira, e resolvi ler de novo este livro. O que aconteceu é que nesta terceira leitura voltou a me chamar a atenção aquilo que eu tinha citado no meu primeiro texto sobre o romance:

(…) o painel preciso que ele pinta das mazelas brasileiras – o racismo, a falta de palavra dos políticos, o sensacionalismo da imprensa, a falta de responsabilidade generalizada – é impressionante.

Várias leituras, uma diferente da outra. Grandes romances não são aqueles que permitem isso? 

Conclusão: “Recordações do escrivão Isaías Caminha” é o melhor livro da literatura brasileira, e não admito opiniões contrárias.

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