Literatura

“Essas malditas mulheres”, de Dalton Trevisan

23 de junho de 2019 0
Curitiba/Parana – Marcelo Rudini/Folha Imagem – 08/08/2008 – Dalton Trevisan saindo da Livraria Chaim

Já se sabe que o único romance publicado por Dalton Trevisan é “A Polaquinha”, de 1985, sobre o qual já comentei aqui. De todo modo, “Essas malditas mulheres”, lançado em 1982 (Editora Record, 130 páginas), é um livro de contos com muitas características de um romance. Explico: a história de João e Maria (são frequentes casais com esses dois nomes na obra dele) que Dalton Trevisan conta aqui perpassa a maioria dos contos do livro.

Em “Essas malditas mulheres” o João é um “doutor” – não é dita a sua formação específica – que tem uns vinte anos a mais que Maria, uma moça pobre e com pouca instrução. Dalton Trevisan utiliza principalmente o diálogo entre estas duas personagens para contar a história deles.

Durante a maior parte do tempo Maria conta para João as suas histórias de amor, quase sempre malfadadas: com um sargento cujo corpo ela admira; com um “baixinho da Bíblia”; com um viúvo; com um moço loiro. João é casado com outra mulher, ouve as histórias de Maria, lhe pede pequenos favores sexuais – alguns dos quais ela recusa, outros não. E ela lhe pede dinheiro, que ele quase sempre lhe dá.

A dinâmica da relação entre João e Maria é baseada principalmente no grande interesse que ele tem pela vida – e pelo corpo – dela, enquanto que ela não deixa transparecer muito se gosta ou não da sua companhia: Maria parece mais interessada no interesse dele por ela do que em qualquer outra coisa. Ela lhe diz, lá pelas tantas: “não gosto de você. João. Mas não fique triste: não gosto de ninguém. Nem de minha mãe eu gosto.”

Mesmo com traços amargos, “Essas malditas mulheres” é delicioso e tem um final divertido e espetacular.


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