Discutimos anos e anos – desde recém-casados – quais seriam os nomes de nossos filhos. Nunca chegamos a nenhuma conclusão.
Quando finalmente minha mulher engravidou, ela veio para mim e me disse que tinha certeza de que a criança seria um menino, e que o nome seria Augusto.
“Ok”, respondi, “se for menina vai ser Teresa”.
(…)
Na ecografia em que descobrimos o sexo da Teresa o médico perguntou o nome da criança, e não tivemos nenhuma dúvida na resposta.
O desenho do perfil do rosto da Teresa era bem arredondado, como o meu. É uma coisa que ainda me impressiona, esta tecnologia que nos permite ter uma ideia de como será o rosto da criança quando ela ainda está na barriga da mãe.
Mas isto é pouco para pais ansiosos de primeira viagem. Será que ela parece mesmo com a ecografia? Será que, aqui fora, a coisa vai ser diferente? E a pele, que cor será a pele?
Tínhamos apenas um perfil e com ele tentávamos adivinhar o resto. Mais ou menos como um arqueólogo tentando adivinhar os costumes de uma civilização antiga, que não tinha escrita e que deixou como legado apenas uns jarros de cerâmica quebrados.
O exemplo é meio exagerado, eu sei.
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