“Crepúsculo dos ídolos ou como se filosofa com o martelo” é um livro curto e relativamente simples de ensaios do filósofo alemão Friederich Nietzsche (L&PM Editores, 144 páginas), e que pode ser considerado uma boa introdução à sua filosofia.
No livro, Nietzsche comenta sobre diversos temas, como a arquitetura, pensadores contemporâneos (Sainte-Beuve e Renan, por exemplo) e o sistema educacional alemão. Mas o tema principal da obra é a crítica contra os filósofos e teólogos que dividem o mundo em dois, um verdadeiro – o mundo das ideias, da mente, que está ligado a Deus – e o aparente – a nossa realidade material de todos os dias. Como criadores do conceito do “mundo das ideias”, Sócrates e Platão, são os principais alvos da fúria de Nietzsche: segundo ele, não existe alma, não existe Deus, não existe espírito. O “mundo ideal” é um conceito falso e, para o filósofo, o bem-estar e as iluminações espirituais não passam, na maioria das vezes, do resultado de uma digestão bem-feita ou de outro apetite carnal satisfeito.
Do mesmo modo, a moral tradicional sofre duros golpes: segundo Nietzsche, ela só serve para enfraquecer os instintos do homem, os quais tendem a fazê-lo mais forte, mais poderoso, mais confiante em si; já a repressão dos instintos, pregada pela moral e a religião tradicionais, apenas enfraquecem o mundo.
Não concordo com tudo o que Nietzsche diz, mas quantas verdades ele fala no meio de suas intervenções bombásticas!
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