“L’Avare”, de Molière
Literatura

“L’Avare”, de Molière

10 de setembro de 2017 0

Harpagon tem um filho e uma filha, chamados respectivamente Cléante e Élise. Ele se apaixona por uma moça pobre, Mariane, e ela por um criado do pai, Valère. Harpagon acaba querendo se casar com a mesma moça por quem o filho era apaixonado, e quer que a filha se case com um cinquentão, Anselme. Obviamente que o desejo do pai é contrário ao dos filhos, e este é o mote para “L’Avare” (O Avarento), comédia clássica do dramaturgo Molière (1622-1673).

O problema de Harpagon, como dá para imaginar por causa do título da peça, é que ele é sovina. Muito sovina mesmo. Seus cavalos passam fome e não têm força para levar sua carruagem. Quer ceder a filha ao cinquentão Anselme porque este não iria exigir o dote para o casamento. Acaba obrigando o filho, que odeia o pai, a fazer dívidas para manter um mínimo padrão de vida.

Como sempre, Molière se diverte e diverte o público, pintando com deboche, e algum carinho, os defeitos humanos. Mas o dramaturgo sabe chocar também: quando grande parte do tesouro do avarento, que estava enterrado no jardim, é roubado, ele fica num desespero que dá para imaginar e começa a acusar a tudo e a todos. O seu principal suspeito é Valère, amor de sua filha Élise, que, apaixonada, o defende: “sem Valère o senhor não me teria há muito tempo. Sim, meu pai, ele é quem me salvou daquele grande perigo que o senhor sabe que eu corri na água, e a quem o senhor deve a vida desta mesma filha que…” No que Harpagon interrompe: “tudo isto não é nada; ele valeria muito mais para mim se ele tivesse deixado você se afogar e não tivesse feito o que fez”.

Entre a vida da filha e o dinheiro, o avarento não tem dúvidas de sua escolha.

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