Eu conheci a banda de metal americana Neurosis no fórum newmetal.com.br. O ano era 2004 ou 2005, “The Eye of Every Storm” tinha acabado de ser lançado e o pessoal lá ficou dividido: muitos acharam que ele era uma obra-prima absoluta, enquanto que, para outros, o disco era irregular demais. Eu mesmo reconheço que álbuns como “Souls at Zero”, “Enemy of the Sun”, “Through Silver in Blood” e “Times of Grace” e “A Sun that Never Sets” são um pouco mais uniformes. De todo modo, a profundidade, a intensidade e a temática de faixas como “A Season In The Sky” são tão únicas que me fizeram incluir “The Eye of Every Storm”, e não outro disco do Neurosis, aqui na minha lista de discos preferidos.
Comecemos pela faixa supracitada, “A Season In The Sky”, que conta uma visão. O vocalista canta lá pelas tantas: “eu tinha um gancho pendurado nas minhas costas e uma luz para guiar-me / minhas palavras eram inúteis de novo / (…) / eu gritei para meu Deus e ele deixou-me ir / fui levado em silêncio para o deserto e comecei a rezar”. A situação é dramática: “uma cobra falou dentro de mim de novo / mas eu não pude curar suas feridas”. A esperança, finalmente, existe: “estou procurando pelo antigo espírito da guerra / com minhas mãos grossas e uma faca afiada / eu preciso de algo para rasgar, de modo que meu Deus possa me ver de novo / para estar certo de novo / para ver minha sombra sozinha”.
“The Eye of Every Storm” conta a história de uma procura: “um vento carrega seu cheiro / para aqueles que vão encontrá-lo / uma tempestade os força / a procurar abrigo contra a chuva”. Finalmente, “o tempo vai trazê-los para casa / para o olho de cada furacão”. Em “No River to Take me Home” o vocalista canta: “a mancha dos meus olhos / queimando profundamente lá dentro / quem vai cair? / eu pedi para não saber / eu estou isolado, você não pode me tocar / rodas de fogo voltam para mim”. “I Can See You” conta a história de uma espécie de avatar, de divindade: “nos oceanos podemos encontrá-lo / para o sol nós louvamos seu nome / na sujeira nós rezamos para Deus trazê-lo de volta, de novo / eu posso vê-lo, eu posso vê-lo / as pedras estão girando e girando e girando no vazio”.
Visões, dor, esperança, Deus, maldições, guerras: tem de tudo, com grande força dramática, em “The Eye of Every Storm”.
E, musicalmente, o negócio é inacreditável. É um disco lento, pesado, com mudanças dramáticas de ritmos e climas, cantado com a intensidade do Neurosis, rarissimamente igualada, nunca superada.
Acho que escolhi bem o disco da banda para minha lista.
(letras originais em inglês obtidas no site genius.com)
0
There are 0 comments