“Flossie, a Vênus de Quinze Anos”, atribuído a Algernon Charles Swinburne
Literatura

“Flossie, a Vênus de Quinze Anos”, atribuído a Algernon Charles Swinburne

14 de setembro de 2016 1

É complicado analisar um livro pornográfico como “Flossie, a Vênus de Quinze Anos”, publicado anonimamente em 1897 e atribuído ao poeta inglês Algernon Charles Swinburne. A complicação está na idade da Flossie apresentada no título: como já deu para perceber, este pequeno romance de 108 páginas publicado no Brasil pela Editora Hedra conta as peripécias sexuais de uma adolescente.

Bem, Flossie é uma órfã riquíssima que tem em Miss Eva Letchford uma tutora carinhosa de pouco mais de trinta anos. Logo no início do livro Flossie cai de amores pelo adulto Jack Archer, o narrador, e pede para Miss Letchford enviar-lhe uma carta convidando-o para a sua casa. A adolescente, que, embora ainda virgem, já tinha tido várias brincadeiras sensuais com suas amigas e amigos no colégio, rapidamente começa suas aventuras com Archer. O restante do livro apresenta, de maneira leve e divertida, tanto as experiências sexuais dos três personagens do livro entre si (todas as combinações possíveis são experimentadas e apreciadas) como as lembranças das aventuras anteriores de Flossie. Como Miss Letchford tinha pedido à adolescente para que esta continuasse virgem, ela só tem uma relação sexual completa – com Archer, como poderia se esperar – no final do livro.

E aqui fica a parte complicada de analisar: o livro é tão bem escrito, Flossie é uma personagem tão segura e fascinante e as descrições são tão excitantes que não tem como não gostar de “Flossie, a Vênus de Quinze Anos” – mesmo contanto a história da vida sexual de uma menor de idade.

1

There is 1 comment

  • Maria Eduarda disse:

    Eu concordo que é impossível não se apaixonar por Flossie, afinal, uma boa autoestima e segurança com a própria pessoa é de se admirar em qualquer um.

    As palavras são tão bem colocadas, harmonizadas, belas e excitantes que quem lê apenas uma vez não consegue perceber a pedofilia e se percebe não consegue entrever o desatino do autor, cujo o mesmo normalizou o adultério. Os detalhes eróticos são tão cativantes ao ponto de sentir, por pura emoção, o desejo de se afogar lentamente nos momentos de cópula dos personagens. Mas essa emoção, creio eu, é sentida muito mais pelos homens, já que os detalhes descritos não satisfazem tanto a Flossie.

    É possível criar muitas críticas quando se têm um pensamento mais amplo de cada fresta dos momentos passados pelos personagens. Um livro que contém 108 páginas, onde, 100 delas são erotizadas e 8 delas contando um pouco dos personagens é de se arrancar os cabelos…

  • Deixe um comentário para Maria Eduarda Cancelar resposta

    O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *