“A Bruxa”, de Robert Eggers
Cinema

“A Bruxa”, de Robert Eggers

12 de junho de 2016 0

No imaginário moderno, a bruxa em geral é um serzinho simpático. As crianças se divertem no Dia das Bruxas e em filmes como “As Bruxas de Eastwick”, por exemplo. No Bosque do Alemão aqui em Curitiba uma “bruxa boa” conta histórias bonitinhas para as crianças. E os mais velhos se lembram da charmosa bruxa Samantha do seriado “A Feiticeira”.

Mas no século XVIII a coisa estava longe de ser assim: na mentalidade da época, a bruxaria era um aspecto do maligno. No espetacular “História do medo no Ocidente 1300-1800”, o historiador Jean Delumeau apresenta um painel do medo dos povos ocidentais entre os séculos XIV e XVIII mostrando que, dentre todos os temores, o de Satã era de fundamental importância. Era um medo verdadeiro, sentido por quase toda a população da época; é até difícil imaginar, atualmente, como era viver num tempo assim.

A seriedade e a veracidade com que este “espírito da época” é reproduzido é uma das maiores qualidades de “A Bruxa”, filme de Robert Eggers lançado em 2015. Nele, a personagem bruxa é terrivelmente aterrorizante e o medo do mal e da danação perpassa praticamente todos os momentos da vida das personagens.

O filme conta a história de uma família puritana inglesa do sec. XVIII (um casal e cinco filhos) que vai morar na Nova Inglaterra, nos Estados Unidos. Por motivos não muito claros, mas de fundo fundamentalista, a família é expulsa da comunidade onde mora e vai tentar a sorte numa fazenda retirada. Lá as coisas vão de mal a pior: o filho recém-nascido é sequestrado por uma bruxa, o dinheiro está no fim, o milho que eles plantam apodrece em grande parte e começa um sério conflito entre irmãos: o casal de gêmeos de cerca de oito anos de idade acusa a filha mais velha, adolescente, de bruxaria. O outro irmão, também adolescente, tenta ajudar o pai em suas infrutíferas tentativas de caça nas proximidades. Não dá para dar mais detalhes para não estragar a surpresa.

Filme de terror lento e reflexivo, “A Bruxa” merece o status de cult que já vem recebendo. As interpretações – principalmente a da atriz Anya Taylor-Joy, que vive Thomasin, a garota adolescente – são convincentes e seguras. A tensão vai num crescendo muito bem realizado do início até o final do filme. Por outro lado, por ter poucos sustos, “A Bruxa” não é tão assustador quanto “A Bruxa de Blair” (meu preferido no estilo) e “Carrie, a Estranha”, por exemplo.

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