+ São João da Cruz nasceu em 1542 em Fontiveros e faleceu em 1591 em Ubeda, na Espanha.
+ Era amigo de Santa Teresa d`Ávila, e, estimulado por ela, foi o reformador do Carmelo masculino. Os frades e freiras da Ordem Carmelita Reformada são também chamados de “Carmelitas Descalços”
+ É considerado um dos maiores poetas, não só do Catolicismo, como da Literatura Mística de toda a humanidade.
+ Seu poema principal é “A Noite Escura da Alma” – esta escuridão deve ser iluminada pela luz interior da fé, “mais segura que a do meio dia”. São João da Cruz é freqüentemente chamado do poeta da “noite”.
+ Ao contrário da exuberante e bem-humorada Santa Teresa d`Ávila, São João da Cruz, embora bastante delicado e gentil, era sério e freqüentemente não permitia que o assunto se desviasse de assuntos de fé (quando isto acontecia, ele alertava: “à vida eterna”). A este respeito aliás, Santa Teresa se referiu a ele, quando solicitada a participar do jogo do vejamen (discurso satírico): “Deus me livre de pessoas tão espirituais que querem transformar tudo em contemplação perfeita, em qualquer circunstância”.
+ É o poeta preferido do Papa João Paulo II, que, inclusive, por pouco não largou sua brilhante carreira na Igreja, ainda na Polônia, para se juntar à ordem carmelita descalça.
+ Diferentemente das freiras carmelitas descalças, que são reclusas, desde o início da reforma da Ordem do Carmelo os frades não eram reclusos.
+ A obra Monte da Perfeição é um desenho esquemático que mostra os passos para se chegar à iluminação espiritual. Neste desenho existe um poema, que se inicia assim: “Para chegar a saborear tudo, / não queiras ter gosto por nada. // Para chegar a saber tudo, / não queiras saber de coisa alguma. // Para chegar a possuir tudo, / não queiras possuir nenhuma coisa. // Para chegar a ser tudo, não queiras ser nada. // Para chegar a não ter gosto, / deves ir por onde não gostes.”
+ São João da Cruz acreditava no caminho contemplativo para a obter “uma união perfeita com Deus”. Deus, ou Jesus, como em Santa Teresa d`Ávila, também é chamado de “o Amado” por São João da Cruz, o qual também fala em “casamento espiritual” com Nosso Senhor.
+ Ele foi preso pelos carmelitas mitigados, que eram contra a Reforma, e ficou enclausurado por quase nove meses num convento em Toledo. Lá ele ficou numa cela pequena, escura, fria e mal-cheirosa. A comida era muito pouca e ele não podia trocar de roupa, permanecendo meses com a mesma vestimenta. As cicatrizes das torturas inflingidas contra ele lá ainda permaneceriam por muito tempo após a sua libertação. Apesar de ser considerado Santo ainda em vida, São João da Cruz foi muito perseguido pela Igreja – mesmo os próprios carmelitas descalços o perseguiram politicamente no final de sua vida.
+ Segundo Marcelle Auclair, Santa Teresa gostaria de amar São João da Cruz ainda mais do que o amava – já São João da Cruz, muito menos ligado às paixões puramente humanas do que ela, na verdade gostaria de amá-la menos: certo dia, ele disse que ainda havia uma coisa que o ligava ao mundo terreno. Então ele pegou um pacote com papéis escritos com uma letra firme e graciosa, e as queimou. Eram as cartas que Santa Teresa d`Ávila havia lhe escrito.
+ Ele desenhou, certa vez, um Cristo na cruz, alquebrado pela dor e ensangüentando, conforme uma visão que teve. Este desenho hoje está conservado num medalhão num convento carmelita.
+ Embora alguns milagres, até mesmo uma ressurreição, tenham sido atribuídos a ele, São João da Cruz evitava dar atenção a este assunto: segundo ele, “onde há maior quantidade de sinais e de testemunhos, há menos mérito em se acreditar”.
+ Ao contrário da teologia da época, muito baseada em filósofos como Aristóteles, Platão e São Tomás de Aquino, a filosofia e a fé de São João da Cruz são quase que totalmente baseados na Bíblia.
+ São João da Cruz era confessor e, certa vez, disse a uma moça apavorada pela austeridade e a severidade atribuídos a este confessor tido como Santo: “Minha filha, não sou santo. Porém, quanto mais santo é o confessor, mais manso fica e menos se escandaliza com as faltas dos outros, pois conhece melhor a frágil condição humana”.
(texto escrito em 2001)
0
There are 0 comments