O prêmio Nobel de Literatura de 2011
Literatura

O prêmio Nobel de Literatura de 2011

30 de agosto de 2015 0

Pouco antes de sair de casa, liguei o computador, entrei no site oficial do Prêmio Nobel para esperar o resultado do Nobel de Literatura 2011. Tinha um vídeo que parecia sem som: numa sala grande, luxuosa e antiga, um enorme número de jornalistas com suas câmeras esperavam em completo silêncio. Dali a pouco abre-se uma porta e um sueco todo feliz sai, com um papel na mão, e começa a ler o que está escrito. É rápido. Ele fala em sueco. Enorme quantidade de aplausos. Aí ele lê o mesmo texto em inglês, e fico sabendo que o poeta sueco Tomas Transtörmer, favoritíssimo do ano passado (quando o vitorioso foi o romancista peruano Mario Vargas Llosa), finalmente recebeu a premiação. Philip Roth ficou de fora, de novo.

Comecei a acompanhar com maior atenção o Nobel de Literatura em 2008, quando J.M.G. Le Clézio foi premiado. Eu tinha comprado um livro dele quase por acaso, Mondo et autres histoires, que tinha me deixado embasbacado. Fiquei tão feliz quando vi na página principal do UOL a vitória de Le Clézio que liguei para a minha mulher para contar. Coisa de criança mesmo.

Em 2009 venceu Herta Müller, uma romena de fala alemã que conta sobre o passado comunista de seu país. Li uns três livros dela. São pungentes, fortes, mostram de maneira profunda a pasmaceira e a falta de sentido no país governado por Ceausescu.

Em 2010 ganhou Mario Vargas Llosa, um bom escritor, mas que eu francamente não acho tão merecedor assim do Prêmio. Certamente não melhor (de novo, na minha opinião) que Amós Oz, Javier Marías ou, claro, Philip Roth. Quem sabe a Academia quis mostrar que um escritor liberal de centro-direita pode sim ganhar o galardão, depois da patacoada histórica de não terem dado o Nobel para Jorge Luis Borges – por este ter recebido um prêmio de Pinochet. E olha que eu nem gosto tanto assim de Borges – aqui, na nossa Hispano-América, prefiro muito mais Cortázar ou Gabriel García Márquez (opa, este ganhou). Normalmente prefiro uma literatura mais… humana (ops!).

E agora vou procurar alguma coisa do Transtörmer pra ler. Tenho alguma dificuldade para poesia, e acho que só gosto mesmo de Trakl. Um poema do sueco ganhador do Nobel que li agora há pouco na internet (aqui) até que me lembrou um pouco Trakl. Acho que vou gostar.

(publicado no blog do Mondo Bacana em 6 de outubro de 2011)

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