Perto do que ainda estava reservado ao Povo Judeu, a Kristallnacht foi brincadeira de criança.
Na noite de 9 para 10 de novembro de 1938 (só para situar no tempo, o Holocausto começou em 1942), em represália ao assassinato de vom Rath, um funcionário da embaixada alemã em Paris, foram quebradas cerca de 7500 vitrinas de lojas de judeus (daí o nome Kristallnacht – noite dos cristais); centenas de sinagogas foram quebradas e incendiadas; aproximadamente 100 judeus foram assassinados e 30000 mandados para campos de concentração. Os prejuízos foram gigantescos.
Este pogrom (ataque a judeus) monstro, que a mídia alemã da época classificou de espontâneo foi na verdade orquestrado pelo próprio governo alemão, e seu organizador foi o homem logo abaixo de Himmler na SS, o chefe da SD (Sérvio de Inteligência) Reinhard Heydrich. A cada sinagoga queimada, chegavam os bombeiros para se certificar que nenhuma propriedade de arianos (alemães “puros”) nas proximidades fosse danificada. Obviamente agressões feitas a judeus ou a propriedades de judeus não eram impedidas pela polícia.
Nos dias seguintes à Kristallnacht, a grande discussão era o que fazer com os prejuízos. O segundo homem na hierarquia nazista, Göring, queixou-se a Heydrich da enormidade deles, dizendo que preferia ver judeus mortos à perda de tanta propriedade (o prejuízo causado pela Kristallnacht, alias, foi a principal queixa entre o povo alemão, e não a injustiça terrível contra judeus inocentes, segundo Daniel Goldhagen em seu livro famoso “Os Carrascos Voluntários de Hitler”). Heydrich, justificando-se, respondeu “mas 30 judeus foram mortos!”. Göring achava que os seguros a serem pagos aos judeus deveriam ser realmente pagos, mas congelados em contas do governo. Muito ainda se discutiu a este respeito…
A Kristallnacht foi a noite que fez o mundo despertar para a realidade tenebrosa do III Reich. O mundo inteiro protestou chocado, e Hitler ameaçou os ingleses, ainda dizendo que o acontecia na Alemanha era problema dos alemães.
Perto do que ainda estava reservado ao Povo Judeu, a Kristallnacht foi brincadeira de criança.
(texto escrito em junho de 2001)
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