Tendo em vista as condições astrológicas, Segismundo nasceu no pior momento possível: pela previsão dos astros ele teria mau caráter, seria assassino, violento e traiçoeiro. Sabendo disso, seu pai, o rei polonês Basilio, colocou-o no cárcere praticamente desde que nasceu, sem contato com outros seres humanos fora Clotaldo, criado e professor do menino. Um tanto inseguro quanto às previsões astrológicas, Basilio bola um plano: manda dar drogas para seu filho e o faz pensar que é rei por um dia, ordenando inclusive a todos os cortesãos que o obedecessem. Se ele fosse mau durante esse dia significaria que as previsões estavam corretas e Basilio o devolveria para o cárcere – e Segismundo concluiria que o seu “dia de rei” não tinha passado de um sonho.
Esse é o mote principal de “La vida es sueño” (Penguin Clásicos, 231 páginas), obra-prima do “autor teatral barroco por excelência” (segundo a contracapa do livro), o espanhol Calderón de La Barca (1600-1681).
A peça merece sua grande fama: não só é emocionante, cheia de reviravoltas - fora a história principal, ainda tem uma secundária, “a restauração da honra” da personagem Rosaura -, como tem trechos inesquecíveis, sendo o mais famoso aquele falado por Segismundo:
“¿Qué es la vida? Un frenesí. / ¿Qué es la vida? Una ilusión, / una sombra, una ficción, / y el mayor bien es pequeño; / que toda la vida es sueño, / y los sueños, sueños son”.
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