Seguem abaixo, na ordem de preferência, as séries a que eu mais gostei de ter assistido em 2020. Estão relacionados, além dos países nos quais elas foram produzidas, os serviços de streaming nos quais elas são transmitidas no Brasil - e não necessariamente as companhias produtoras originais.
8 em Istambul (Netflix, uma temporada com oito episódios, Turquia): conta com grande sensibilidade a história de alguns personagens em Istambul, certamente uma das três melhores séries a que já assisti na vida. Minha filha, a futura psicóloga Teresa da Silveira Muller, deveria assistir também.
O gambito da Rainha (Netflix, uma temporada com sete episódios, Estados Unidos): maior sucesso da história da Netflix, a história da jogadora de xadrez fictícia Beth Harmon é tão boa quanto você já ouviu falar por aí.
Justiça (Globoplay, uma temporada com vinte episódios, Brasil): quatro histórias paralelas em Recife, uma prova de que o Brasil pode fazer séries com a mesma qualidade das americanas ou europeias.
Nada ortodoxa (Netflix, uma temporada com quatro episódios, Estados Unidos/Alemanha): uma moça recém-casada numa família ultraortodoxa de Nova Iorque resolve fugir de tudo e tentar a sorte na Alemanha. A atriz principal, a israelense Shira Haas, já tinha brilhado em Shtisel, comentado aqui.
Freud (Netflix, uma temporada com oito episódios, Áustria/Alemanha): alguns fatos reais e muita especulação – de caráter às vezes paranormal - sobre o início da vida profissional do criador da psicanálise.
Quarta temporada de The Crown (Netflix, dez episódios, Reino Unido): o bacana desta série sobre a família real britânica é que cada episódio conta uma história diferente e pode praticamente ser assistido de maneira independente. Se metade do que a nova temporada fala sobre o Príncipe Charles for verdade, até consigo entender por que a Rainha Elisabeth, segundo as más-línguas, não quer passar o trono para ele.
Em nome de Deus (Globoplay, uma temporada com seis episódios, Brasil): série documental brilhante sobre o paranormal João de Deus - acusado por dezenas de mulheres de assédio sexual -, produzida por Pedro Bial e Camila Appel.
Downton Abbey(Amazon Prime, seis temporadas com 52 episódios no total, Reino Unido): história fictícia e deliciosa de uma família nobre britânica.
The man in the high castle(Amazon Prime, quatro temporadas com 40 episódios no total, Estados Unidos): baseada no romance homônimo do romancista americano Philip K. Dick, ela imagina um mundo paralelo onde os nazistas teriam vencido a Segunda Guerra.
Marianne(Netflix, uma temporada com oito episódio, França): série assustadora sobre uma escritora de romances de terror. Não se impressione pelo fato de a Netflix tê-la cancelado depois da primeira temporada: Stephen King é fã, e isso diz tudo.
“Marianne” (2019) é uma série francesa de terror da Netflix com oito episódios de cerca de cinquenta minutos cada um. Ela conta a história de Emma, uma escritora de romances de terror que acaba percebendo, para seu desgosto, que os personagens de seus livros tinham correspondentes na vida real. A série é assustadora, tem belas paisagens e ótimas atuações, principalmente de Victoire Du Bois, a atriz principal. Não se impressione pelo fato de a Netflix ter cancelado a série depois da primeira temporada: Stephen King é fã, e isso diz tudo.
Belíssimas paisagens também são um destaque de “Labirinto
verde” (“Zone Blanche”), série franco-belga da TV France 2, distribuída por
aqui pela Netflix, com duas temporadas com oito episódios de cerca de 50
minutos cada uma – está
prevista uma continuação para este ano. A série conta a história de uma
pequena cidade ficcional na França, Villefrance, que tem uma quantidade de
crimes muito superior à da média nacional. Para tentar resolvê-los, a capitã
Laurène Weiss (Suliane Brahim, ótima) conta com poucos ajudantes. “Labirinto
verde”, cuja primeira temporada foi lançada em 2017, é uma série muito bem
conduzida e com alguns toques fantásticos.
“Downton Abbey” é uma série inglesa de grande sucesso lançada
entre 2010 e 2015, com seis temporadas de mais ou menos oito episódios com
cerca de uma hora cada um. Ela foi produzida pelo canal ITV
e atualmente é transmitida aqui no Brasil pela Amazon Prime. A série conta a
história dos Crawley, família nobre inglesa fictícia, entre 1912 e 1925. “Downton
Abbey” aborda temas históricos – a decadência da nobreza inglesa, o naufrágio
do Titanic, o início da mudança nos rígidos costumes da época, a Primeira
Guerra – com brilhantismo, e tem um
grande número de personagens (tanto nobres e como seus criados) muito bem
construídos e interpretados. A série mereceu todo o sucesso que fez – está previsto,
aliás, um filme sobre ela.
Comentei anteriormente
sobre o romance “O homem do castelo alto”, de Philip K. Dick; a série baseada nele,
da Amazon Prime, foi lançada por aqui
com o nome original, “The man in the high castle”. Ela tem quatro temporadas, lançadas
entre 2015 e 2019, cada uma com dez episódios de cerca de uma hora. A história
conta sobre um mundo paralelo em que alemães e japoneses ganharam a Segunda
Guerra Mundial e dividiram os Estados Unidos em duas partes – o leste alemão e
o oeste japonês. É interessante notar, entre outras coisas, a coerência da
série tendo em vista a ideologia dos vencedores: os americanos, vistos como
arianos pelos alemães, não sofrem preconceito e chegam a altos postos na administração
nazista, mas são considerados inferiores pelos japoneses. “The man in the high
castle”, que não terá mais continuação, é uma ótima série distópica, mas menos
assustadora do que “The handmaid’s tale”, por exemplo: afinal de contas,
sabemos que os nazistas e japoneses já perderam a guerra, mas não temos certeza
de que loucuras como as de Gilead jamais acontecerão.
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