Não é com orgulho que eu digo que o último filme a que assisti de Quentin Tarantino foi “Pulp Fiction” – a primeira vez que o vi foi no cinema, na época do seu lançamento, aí por 1994.
A verdade é que amei o filme, um dos melhores a que já assisti, e que revi umas três vezes depois.
Depois, não me animei muito com as resenhas que li e com a duração (duas partes lançadas respectivamente em 2003 e 2004) do filme subsequente do diretor, “Kill Bill”.
E assim a preguiça e o receio de que os filmes subsequentes de Tarantino não fossem tão bons quanto “Pulp Fiction” acabaram me impedindo de assistir aos outros filmes dele.
Num podcast visto há algum tempo acabei sabendo de passagem que o diretor tinha escrito um livro – mas essa informação não me marcou muito.
Até que, mais ou menos dois meses, atrás vi na Livraria da Vila “o novo livro baseado no filme”, um romance chamado “Era uma vez em Hollywood”, de Quentin Tarantino. O formato inusual (17 x 11,8 x 3,8 cm segundo a Amazon, menor do que o padrão dos livros vendidos no Brasil), já me chamou a atenção. As letras e o espaçamento faziam com que a leitura fosse agradável. O preço era acessível (não paguei tão pouco, mas está R$ 19,90 na Amazon agora!). Numa rápida folheada, gostei de todos os trechos que li. Resolvi comprar o romance “no sentimento”, coisa que raramente faço.
Excelente investimento! O livro (intrínseca, 560 páginas, tradução de André Czarnobai, lançado originalmente em 2021) conta basicamente a história de dois personagens fictícios – Rick Dalton, um ator que costuma fazer vilões em séries de faroeste na TV, e seu dublê, amigo e chofer, Cliff Booth. Além dos dois, uma série de personagens reais aparecem – com mais ou menos profundidade – no romance, como o diretor Roman Polanski, sua esposa, a atriz Sharon Tate, e o responsável pelo assassinato dela, Charles Manson.
Além de personagens muito bem construídos, “Era uma vez em Hollywood” mostra um brilhante painel da meca do cinema americano no final dos anos 60 e início dos 70, quando muitos atores de séries de faroeste foram tentar a sorte na Europa como astros do chamado “western spaghetti”. Além dos apresentados acima, um grande número de personagens aparece no livro, e muitos filmes e séries são citados – só que eu mesmo, em geral, não sabia quem era real e quem era ficcional no romance!
“Era uma vez em Hollywood” é um livro que prende a atenção da primeira à última página, com uma escrita ágil e leve, e mostra o grande amor de Tarantino pelo cinema em geral e por Hollywood em particular. Excelente pedida mesmo para os que, como eu, não costumam assistir aos filmes do diretor.
Agora, eu que deixe de ser vagabundo e dê um jeito de ver “Era uma Vez em… Hollywood”, né?
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