
Lançados originalmente respectivamente em 1964 e 1965, “Cemitério de Elefantes” (Record, 126 páginas) e “O Vampiro de Curitiba” (Record, 142 páginas) são dois dos livros mais famosos de Dalton Trevisan – frequentemente apelidado, ele mesmo, de “vampiro de Curitiba”.
Em “O Vampiro de Curitiba”, todas as quinze histórias têm um personagem principal com o mesmo nome, “Nelsinho”, sempre obcecado por mulheres, mas que não são necessariamente a mesma pessoa.
Algumas histórias, envolvendo estupro, são chocantes até para leitores assíduos de Dalton Trevisan (“O Vampiro de Curitiba”, “Debaixo da Ponte Preta”). Outras, envolvendo carência feminina, são francamente patéticas (“Visita à Professora”, “A Velha Querida”, “A Noite da Paixão”, “Chapeuzinho Vermelho”). Em “Arara Bêbada” e “Menino Caçando Passarinho”, Nelsinho é um advogado que não dá bola para os limites éticos de sua profissão, assediando descaradamente suas clientes. “Último Aviso” mostra um Nelsinho ciumento e chantageador. “Na Pontinha da Orelha” e “Eterna Saudade” descrevem relacionamentos complexos, com atração mútua e alguns mal-entendidos.
Já “O Cemitério de Elefantes” fala de vingança (“O Primo”), morte (“Uma Vela para Dario”), violência (“O Baile”, “À Margem do Rio”), ciúme (“Bailarina Fantasista”), alcoolismo (“Os Botequins”), miséria (“Cemitério de Elefantes”). O tema principal do livro parece mesmo ser as relações familiares, sempre complicadas quando o assunto é Dalton Trevisan (“O Jantar”, “O Espião”, “Duas Rainhas”, “Angústia do Viúvo”, “A Casa de Lili”, “Dia de Matar Porco”) – tanto que um dos contos, sobre um marido violento, se chama “Questão de Família”.
Tantos anos depois de publicados, os dois livros não envelheceram nadinha.
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