Na Idade Média, um certame de peregrinos visa escolher quais as melhores histórias de cavalaria e romances. Este é o mote do clássico “Contos da Cantuária”, de Geoffrey Chaucer (1342-1400), em brilhante tradução em versos de José Francisco Botelho (Companhia das Letras, 684 páginas). Cada uma das histórias dos peregrinos, então, é um conto.
Tem de tudo no livro: histórias de cunho religioso (“Conto do Pároco”, “Conto da Outra Freira”), de fundo histórico (“Conto do Monge”), sobre avareza (“Conto do Vendedor de Indulgências”), sobre a antiguidade greco-romana (“Conto do Cavaleiro”). Mas o que surpreende mesmo o leitor de hoje são as absolutas liberdade e rudeza com as quais o autor tratava de temas sexuais (“Conto da Mulher de Bath”, “Conto do Feitor”, “Conto do Moleiro”).
O que é muito legal na leitura de um clássico como este “Contos da Cantuária” (publicado pela primeira vez em 1475) é que, ao mesmo tempo em que é de qualidade literária acima de qualquer dúvida, permite ao leitor de hoje fazer uma espécie de mergulho numa época – a Idade Média – simultaneamente muito distante de nós em termos de tempo, usos e costumes, e profundamente fascinante.
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