“A Besta Humana”, de Émile Zola
Literatura

“A Besta Humana”, de Émile Zola

16 de novembro de 2016 0

Segundo a Wikipédia, o Naturalismo é “uma escola literária conhecida por ser a radicalização do Realismo, baseando-se na observação fiel da realidade e na experiência, mostrando que o indivíduo é determinado pelo ambiente e pela hereditariedade. Os romances naturalistas destacam-se pela abordagem extremamente aberta do sexo e pelo uso da linguagem falada. (…) O resultado é um diálogo vivo e extraordinariamente verdadeiro, que na época foi considerado até chocante de tão inovador. ” O mais importante escritor naturalista foi Émile Zola (1840-1902), de quem eu nunca tinha lido nada até este “A besta humana” (Zahar, 367 página), lançado originalmente em 1890 (e olha que eu paquerei para ler durante anos a bela edição de “Germinal” da coleção Obras-Primas da Abril que eu tinha lá em casa).

O romance tem uma trama complexa e vários personagens, a maioria deles vivendo nas margens de estradas de ferro na França. A trama principal é a seguinte: um empregado modelo que trabalha nas ferrovias, Roubaud, e sua mulher, Sévérine, assassinam Grandmorin, presidente da Companhia de Estradas de Ferro, que era protetor dela e que foi acusado por ela para o marido por tê-la molestado na adolescência. O juiz encarregado do caso, Denizet, não quer que a história de Grandmorin caia nos ouvidos do público dada, a importância do morto, e tenta inculpar um rapaz praticamente débil mental, Cabuche, do crime. A testemunha do assassinato é Jacques Lantier, maquinista que evita ter relações com mulheres porque é um assassino em série em potencial, que nunca matou ninguém porque fugia quando a vontade de matar era forte demais. Para evitar que ele denuncie o casal, Sévérine o seduz, passando a ter um caso com ele. Não dá para contar mais para não estragar a surpresa, mas já dá para ter uma ideia de que a história é chocante, principalmente em se tratando da época em que foi escrita.

O naturalismo de “A Besta Humana” se reflete em vários aspectos do romance: na descrição detalhada, e com linguagem técnica, das ferrovias e locomotivas que têm importância primordial na trama; na hereditariedade, sempre citada como sendo a causa de vários dos vícios dos personagens; e pela crueza das descrições de atos violentos.

Mas vamos combinar que fazer parte de uma escola literária específica não traz necessariamente qualidades para um livro: o fato é que, com seus personagens brilhantemente construídos e uma trama que nunca perde a tensão, o romance “A Besta Humana” tem qualidades suficientes para que o chamemos apenas pelo termo que melhor se adapta a ele: “obra-prima”.

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