Literatura

“Solução de Dois Estados”, de Michel Laub
Literatura
“Solução de Dois Estados”, de Michel Laub
16 de maio de 2021 at 22:49 0
Raquel e Alexandre Tommazzi são dois irmãos que se odeiam. Ele acusa a irmã, uma artista performática obesa de cento e trinta quilos, de ter dilapidado o patrimônio da família. Ela acusa o irmão, dono de uma rede de academias ligadas a uma igreja evangélica, de ser miliciano. Os dois estão sendo entrevistados por Brenda Richter - uma alemã que perdeu o marido, que trabalhava numa ONG e foi assassinado numa comunidade do Rio de Janeiro – para um documentário chamado “Solução de Dois Estados”, nome de um romance recentemente publicado por Michel Laub e que é tema do presente texto (Companhia das Letras, 248 páginas). Alguns acontecimentos são citados frequentemente na obra: o bullying que Raquel tinha sofrido na infância e adolescência, quando era chamada de Vaca Mocha pelos colegas de escola; a falência do pai dos dois irmãos, causada pelo Plano Collor; a surra que ela levou de um seguidor de Alexandre quando foi se apresentar, nua, no auditório de um hotel; a carreira pornográfica da Raquel, que apanha diante das câmeras com fins artísticos; as joias que o irmão acusa a irmã de ter roubado; a ascensão financeira de Alexandre, ligada à igreja evangélica da qual participa e à sua academia; o enterro da mãe dos dois, quando Raquel xinga o irmão diante de todos. A narrativa do romance é circular, com fatos indo e voltando todo o tempo. “Solução de Dois Estados” é um livro claustrofóbico, cheio de ódio em quase todas as suas páginas, sem nenhum espaço para esperança ou conciliação. Se alguém pensar na política brasileira em 2021, bem, a sua influência no romance é óbvia e declarada – por mais que os acontecimentos do livro se passem em 2018, antes da pandemia do coronavírus.
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“A morte de Bunny Munro”, de Nick Cave
Literatura
“A morte de Bunny Munro”, de Nick Cave
9 de maio de 2021 at 17:38 0
Logo no início de A morte de Bunny Munro (Editora Record, 352 páginas), segundo romance do cantor australiano Nick Cave (o primeiro se chama And the ass saw the angel) o protagonista recebe um telefonema de sua mulher, em profunda crise depressiva, enquanto uma prostituta lhe faz sexo oral num hotel - perto de sua casa, onde está Liby, sua mulher, aliás. Bunny Munro não sai correndo para tentar ajudar a mulher, que toma remédios fortíssimos para aplacar seus problemas mentais, mas fica no hotel até o dia seguinte. Liby se suicida na mesma noite. Quando volta para casa, Munro - que é um daqueles vendedores de porta em porta de produtos de beleza femininos - vê sua casa de pernas para o ar, a mulher enforcada e seu filho, sem assistência nenhuma, assustado. Os problemas de Bunny Junior, o filho do protagonista, de nove anos, estão apenas começando. Seu pai não tem a menor ideia de como criar o filho. Tenta empurrá-lo para a mãe de Liby, mas esta, numa crueldade injustificável, diz que não pode ficar com o garoto já que este lhe lembra o genro, que ela odeia com todas as suas forças. Então começa o sofrimento do menino - A morte de Bunny Munro se lê com angústia. A única coisa que realmente importa para o vendedor de produtos de beleza é o órgão sexual feminino. Homem atraente e sedutor, ele tenta fazer sexo com grande parte das mulheres que passam pela sua frente - e muitos de seus pensamentos são utilizados em fantasias sexuais com mulheres famosas: ele tem desejos tão explícitos com Kylie Minogue e Avril Lavigne que Nick Cave chega a pedir desculpas para elas no final do livro. Além disso, ele é praticamente alcoólatra, bebendo sem parar. Um homem tão bêbado e obcecado por sexo realmente não está preparado para cuidar de um garoto de nove anos. Bunny Junior tem um problema sério na vista, mas não consegue fazer seu pai ouvi-lo pedir o colírio que pode impedi-lo de ficar cego. Sem ter com quem deixar o garoto, o pai sai pela cidade atrás de clientes e de sexo. O menino, nestas aventuras, fica esquecido dentro do carro. O seu pai fica cada vez mais maluco, e acaba morrendo - como promete o título do livro, aliás (tenho de confessar, com certa vergonha, que às vezes ficava torcendo para o personagem morrer de uma vez, para acabar o sofrimento). O final do livro utiliza o sobrenatural para dar um fio de esperança para o leitor - e Nick Cave faz isso com maestria, o que nem sempre é fácil. A morte de Bunny Munro me lembra dois clássicos da literatura, por dois motivos diferentes. O primeiro é Pelos olhos de Maisie, de Henry James (Companhia das Letras/Penguin), pelo sofrimento atroz que aqueles que deveriam cuidar dos filhos às vezes inflingem nestes. O segundo é O Complexo de Portnoy, de Philip Roth (Companhia das Letras). Tanto o livro do grande escritor judeu americano quanto A morte de Bunny Munro revelam "pensamentos calhordas que os machos têm em relação às fêmeas, mas dificilmente saem falando por aí", no dizer de Thales de Menezes na crítica do livro de Nick Cave (Folha de São Paulo, 28 de agosto de 2010). (texto anteriormente publicado no Mondo Bacana)
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“O fim”, de Karl Ove Knausgård
História, Literatura
“O fim”, de Karl Ove Knausgård
18 de abril de 2021 at 13:37 0
Reconheço aqui que eu acessava o site da Companhia das Letras algumas vezes por mês para ver se finalmente tinha sido publicado em português o sexto e último volume da série de autoficção “Minha luta”, do norueguês Karl Ove Knausgård. Depois de uma longa espera, finalmente saiu “O fim” – título em português do livro tão aguardado, com tradução de Guilherme da Silva Braga –, e aí entendi por que o negócio demorou tanto (o anterior, chamado por aqui de “A descoberta da escrita”, tinha sido lançado por aqui em 2017): o sexto volume da série que catapultou Knausgård para o sucesso mundial tem 1054 páginas. Eu nem sei o tamanho da letra da edição impressa, já que eu li o livro no Kindle, mas tenho impressão, a partir de rápida folheada numa livraria, de que ela é pequena. Um romance realmente muito longo. Em “O fim” Knausgård dá muitos detalhes do medo que ele sentiu por ter apresentado fatos íntimos sobre diversas pessoas conhecidas nos romances anteriores da série, como a depressão da esposa e o processo que um tio ameaçou mover contra ele. Outro tema recorrente é a sua rotina como pai de três crianças, duas meninas e um menino, e a dificuldade da esposa em lidar com seu papel de mãe. Tudo isso com o estilo fascinante e ultradetalhado de Knausgård, que pode usar mais de cem páginas para descrever um jantar sem nunca parecer chato ou repetitivo. Mas “O fim” tem também um número enorme de páginas de teor ensaístico, de excelente qualidade aliás, nas quais se destacam dois temas: a análise de um pequeno poema do romeno, radicado na França, Emil Cioran, e a análise do livro “Minha luta” original, de Adolf Hitler, e do nazismo como um todo. Enfim, a leitura do ciclo “Minha luta” de Knausgård acabou. E eu tenho mais um livro dele aqui em casa, de nome “Winter”, mais recente e de outro ciclo chamado, na tradução em inglês, de “Seasons Quartet”. Será que eu o leio em inglês mesmo, arriscando a perder alguma coisa do sentido, ou fico entrando de novo no site da Companhia das Letras para ver se eles o publicam por aqui em português?
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“Cassino Hotel”, de André Takeda
Literatura
“Cassino Hotel”, de André Takeda
15 de abril de 2021 at 00:48 0
João Pedro é um guitarrista que fez muito sucesso, nos anos 80, com a banda gaúcha Gol. Depois da dissolução do grupo, passou a sobreviver como músico acompanhante de vários cantores de quem antes "falara mal em festas promovidas por socialites que faziam de tudo para passar de modernas". Quando Cassino Hotel, o segundo romance de André Takeda (Editora Rocco, 196 páginas), começa, ele é o guitarrista do conjunto de Mel X – nome artístico da cantora pop Melissa, uma menina recém-saída da adolescência, filha de um cantor sertanejo de sucesso (alguém aí pensou em Sandy ou Wanessa Camargo?). O complicador de tudo vem agora: João Pedro mantem um tórrido caso de amor com Mel X e o pai dela não gosta nada da história (alguém aí pensou nos pais de Sandy ou Wanessa Camargo?), principalmente devido ao passado de excessos do guitarrista. Pressionado pelo pai da cantora para que abandone o romance com Melissa, João Pedro toma uma decisão radical. Foge de São Paulo, onde participaria de um show dali a alguns dias, para a praia do Cassino, no litoral gaúcho – "o mais feio de toda a costa brasileira". E é lá, no Cassino Hotel, que João Pedro, com enormes dificuldades pessoais, começa a enfrentar os problemas do passado. Isto por que no hotel estão hospedados Letícia, a namorada que abandonara quando ela não quis se mudar para São Paulo com ele; seu ex-melhor amigo Mateus, agora casado com a mesma Letícia; e, principalmente, o seu pai, com quem o guitarrista havia perdido totalmente o contato – a família nunca se recuperara totalmente da perda de Cibele, irmã de João Pedro, quando ambos ainda eram crianças. Escrito em primeira pessoa, o livro é uma espécie de catarse para João Pedro – que, sintomaticamente, faz aniversário de trinta anos na ocasião. Voltando a ter contato com pessoas fundamentais do seu passado, o guitarrista é obrigado a enfrentar o fato de que sempre preferira escapar dos problemas a enfrentá-los: por isso a fuga nas drogas e no álcool, os quais [antes da parada definitiva, aos 27 anos] quase tinham acabado com sua vida. Passando por avanços e retrocessos, coragens e covardias, os diferentes estados de espírito de João Pedro são apresentados para o leitor. Mas, apesar de tanta tensão e insegurança, o livro termina esperançoso. Cassino Hotel é uma obra intensa, profundamente emocional e bem escrita- você a lê praticamente de um fôlego. Alguns trechos nos quais Takeda fala com o leitor [por exemplo, quando ele diz lá pelas tantas: "Você é capaz de ler? Você é capaz de decifrar? Você é capaz de me aceitar? Sem preconceitos, por favor"] parecem perfeitamente dispensáveis. E parte do Apêndice 2, onde ele escreve que o romance "não seria possível" sem a ajuda de vários grupos de música pop, está muito mais para texto de de blog do que para texto impresso – parto do óbvio pressuposto que o livro seria, sim, possível sem a ajuda das bandas citadas. Entretanto, isso em nada atrapalha o verdadeiro prazer que temos ao ler Cassino Hotel. (Texto publicado anteriormente no Mondo Bacana; fonte da foto: Buenos Porteños: André Takeda)  
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“Judas”, de Amós Oz, e “O Outono do Patriarca”, de Gabriel García Márquez
Literatura
“Judas”, de Amós Oz, e “O Outono do Patriarca”, de Gabriel García Márquez
14 de março de 2021 at 19:16 0
Shmuel Ash parece um urso de história em quadrinhos: é gordo, tem as barbas grandes e desgrenhadas, é gentil e meio atrapalhado – e não consegue prestar atenção no que os outros dizem. Ele vive na parte judia de Jerusalém no ano de 1959 – o estado de Israel tinha sido fundado pouco mais de uma década antes – e está passando por graves problemas: seus pais entram em falência e não vão mais conseguir pagar seus estudos e, como se não bastasse, sua noiva deixa dele e o troca por um hidrólogo “especialista em captação de águas pluviais”. Sem saber o que fazer da vida, consegue um trabalho em que tudo o que tem que fazer é companhia, por seis horas por dia, a Gershom Wald, um senhor muito culto que adora conversar. Além dele, na casa também mora Atalia, uma mulher de meia idade por quem Shmuel acaba se apaixonando. Ash é o personagem principal de “Judas”, do escritor israelense Amós Oz (eu li em espanhol, publicado pela Siruela, com 303 páginas e traduzido por Raquel García Lozano – a versão em português é da Companhia das Letras), publicado originalmente em 2014, quatro anos antes da morte do autor, em 2018. A tese na universidade que Ash queria defender versaria sobre Jesus na visão dos judeus. Segundo ele, Judas não foi um traidor, mas “o primeiro cristão”, um apaixonado por Cristo – opinião, aliás, do apócrifo “O Evangelho de Judas”, atribuído a gnósticos do século 2 – uma heresia para a Igreja, como se pode imaginar. Se o romance como um todo aborda vários assuntos interessantes – os problemas dos judeus contra os árabes em Israel, a visão dos judeus sobre Jesus, a temática da traição – a falta de empatia acaba prejudicando em muito a leitura de “Judas”: não consegui simpatizar nem um pouco com os dois personagens principais do romance. Shmuel Ash é terrivelmente autocentrado, parecendo quase incapaz de ter um sentimento de simpatia. Atalia, a mulher por quem ele se apaixona, é dos personagens mais frios com quem já tive contato. E assim é com tudo. “Judas” é um livro desesperançado e triste. Até a tese de um Judas apaixonado por Jesus é – desculpem – meio boba. Muito diferente é “O Outono do Patriarca”, de Gabriel García Márquez (Record, tradução de Remy Gorga, Filho, 260 páginas), publicado originalmente em 1975. Contando a história de um ditador latino-americano cruel e sanguinário, o Prêmio Nobel de 1982 mostra um personagem tão complexo e interessante que é impossível não simpatizar com ele. Livro delirante, de leitura difícil, com frases longuíssimas e sem parágrafos, apenas com algumas divisões sem títulos, “O Outono do Patriarca” é tão espetacular que não sei direito como terminar este texto. Vou então citar o meu necrológio sobre Gabriel García Márquez, no qual escrevi que o colombiano “é um daqueles gigantes da literatura que nascem de vez em quando em nosso planeta”.
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“Alias Grace”, “Vulgo Grace”
Literatura, Séries
“Alias Grace”, “Vulgo Grace”
7 de fevereiro de 2021 at 19:45 0
É muito comum se ouvir que o “livro é sempre melhor que o filme”. Eu não compartilho dessa opinião, e quando a escuto normalmente cito o livro “Laranja Mecânica”, de Anthony Burgess, para mim bastante inferior ao filme homônimo de Stanley Kubrick. Séries não são filmes, mas achei que seria divertido comparar a minissérie “Alias Grace” (Netflix, seis episódios de cerca de 45 minutos cada um) com o livro que lhe deu origem, traduzido no Brasil como “Vulgo Grace”, da escritora canadense Margaret Atwood (Rocco, 512 páginas, tradução de Geni Hirata). Na verdade, fiquei tão entusiasmado com a série que acabei lendo o livro logo que acabei de assisti-la. A história é baseada num fato real: Grace Marks, uma irlandesa vivendo no Canadá, é condenada à morte em 1843 junto com o cocheiro James McDermott pelo assassinato do patrão dos dois, o fazendeiro Thomas Kinnear, e de sua governanta, Nancy Montgomery. McDermott é efetivamente enforcado, mas Grace Marks tem sua pena comutada para prisão perpétua. Na história contada pelo livro e pela série um médico, Dr. Simon Jordan, é contratado pelo reverendo Verrenger (vivido pelo grande diretor David Cronenberg!), líder de um grupo que luta pela absolvição de Grace Marks, para conseguir elementos psicológicos para inocentá-la. Acho que não vale a pena contar muito mais a respeito da história para não estragar a surpresa. Vamos à comparação entre a série e o livro, então. Inicialmente, é interessante notar que a própria Margaret Atwood, assim como tinha feito na série “Handmaid’s Tale”, também baseada num romance seu, faz uma pequena ponta em “Alias Grace” – ela mesma, portanto, não parece muito incomodada em querer defender a superioridade do livro em relação à série, né? Brincadeiras à parte, tanto “Alias Grace” quanto “Vulgo Grace” são obras de extrema qualidade, e a série é muito fiel ao livro – embora este, como normalmente acontece, seja mais detalhado do que aquela. E eu me emocionei igualmente com o final da série e o do livro, por mais que, quando li “Vulgo Grace”, eu já soubesse o que me esperava. Enfim, se eu fosse escolher um dos dois, escolheria a série mesmo. Não por nada, mas Sarah Gadon, a atriz que faz Grace Marks e que está na imagem que acompanha este texto, atua de maneira tão espetacular que desempata esse jogo que teria tudo para terminar com placar igual para os dois lados!
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Livros lidos recentemente
Literatura
Livros lidos recentemente
10 de janeiro de 2021 at 18:39 0
  • “O olho”, de Vladimir Nabokov (Alfaguara, 86 páginas, tradução de José Rubens Siqueira, publicado originalmente em 1965): quarto romance de Nabokov, ainda em sua fase russa, o livro discorre sobre Smurov, jovem russo pobre vivendo no exílio em Berlim e que se suicida logo no início da história. Se no início temos o Nabokov brilhante de sempre, o final do romance deixa um pouco a desejar.
  • “Madame Oráculo”, de Margaret Atwood (Círculo do Livro, 325 páginas, tradução de Domingos Demasi, publicado originalmente em 1976): uma escritora de romances açucarados só pode receber uma herança se emagrecer. O terceiro romance da autora de “O conto da aia” começa brilhantemente, mas, assim como o livro citado acima, se perde um pouco no final.
  • “Amiga de juventude”, de Alice Munro (Biblioteca Azul, 259 páginas, tradução de Elton Mesquita, publicado originalmente em 1990): comentei recentemente o seguinte sobre “A fugitiva”, outro livro de contos da escritora Prêmio Nobel de 2013: “já dá para perceber que a canadense, única pessoa a receber o Nobel de Literatura tendo escrito somente contos na carreira, tem um estilo todo próprio: o negócio então, para mim, é continuar lendo suas ótimas histórias, mesmo que o maravilhamento tenha diminuído muito da leitura de ‘Ódio, Amizade, Namoro, Amor, Casamento’ para cá”. Pois é, o mesmo vale para este “Amiga de juventude”.
  • “Philosophy, Pussycats, & Porn”, de Stoya (Not a Cult, 148 páginas, publicado originalmente em 2018): nesta coletânea de textos já publicados anteriormente em diversas mídias, a famosa atriz pornô Stoya fala sobre relacionamentos sexuais, apresentações ao vivo, questões relacionadas a trabalhadores do sexo, viagens de trabalho e, como diz o título, filosofia e gatos. Ela escreve muito bem, e o livro é de leitura extremamente agradável.
  • “O segundo tempo”, de Michel Laub (Companhia das Letras, 112 páginas, publicado originalmente em 2006): o narrador desta novela não sabe se vai dar ou não uma notícia ruim a seu irmão mais novo durante um Grenal no estádio Beira Rio, em Porto Alegre. O livro é tão bom quanto “A maçã envenenada”, do mesmo autor, sobre o qual eu tinha comentado aqui.
  • “A gafieira de dois tostões”, de Georges Simenon (Companhia das Letras, 150 páginas, tradução de Eduardo Brandão, publicado originalmente em 1931): antes de ser executado, o condenado Jean Lenoir confessa ao comissário Maigret que foi testemunha de um crime seis anos antes. Conforme o comentário do leitor Heitor Vieira de Resende no site da Amazon, “o pior livro de Simenon é ainda muito bom”. E este certamente não é o pior livro de Simenon!
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“Sanatório”, de Bruno Schulz
Literatura
“Sanatório”, de Bruno Schulz
10 de janeiro de 2021 at 18:38 0
O judeu polonês Bruno Schulz (1892-1942), assassinado durante o Holocausto, tem sua obra completa composta basicamente por dois livros: “Lojas de canela” e este “Sanatório” (Imago Editora, 236 páginas, tradução de Henryk Siewierski, publicado originalmente em 1937), uma sequência interligada de contos que, segundo o autor, é “uma tentativa de recobrar a história de uma certa família, uma certa casa numa cidade provinciana”. Boa parte dos contos fala sobre o pai do narrador: ou sendo um chefe tirânico em sua loja, ou trabalhando num estranho corpo de bombeiros, ou vivendo num sanatório onde o tempo passa mais devagar que o normal, ou ainda quando se transforma numa barata. Em outros contos, o narrador fala de um livro mítico ou descreve estações como a primavera ou o outono. “Sanatório” é bastante imaginativo e poético, mas sua leitura é terrivelmente cansativa em boa parte do tempo. (fonte da imagem: Wikipédia)
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