Lembro de minha mãe me falando, na minha adolescência, sobre o grande clássico de J.D. Salinger, O apanhador no campo de centeio. Não sei bem por que, achava que era algum tipo de obra libertária e poética, como Os frutos da terra, de André Gide, que tanto me influenciou… na sétima série.
Mais tarde, li alguma coisa do André Takeda falando maravilhas do livro. Não lembro exatamente o que era, mas acho que era alguma coisa sobre este ser um livro importante para a cultura pop.
Não tenho interesse especial por literatura pop. De todo modo, o importante é que, apesar de eu ter ouvido falar muito do livro, não tinha a menor ideia do que iria encontrar quando comecei a ler O apanhador no campo de centeio semana retrasada, emprestado por uma amiga.
O livro conta a história de Holden Caufield, um adolescente perdido e desnorteado, que reprova em quase todas as matérias no colégio, salvo inglês. A linguagem que ele emprega para contar sua história – em primeira pessoa – é enraivecida, cheia de gírias, semelhante à empregada por muitos adolescentes. Assim, o ódio, o desinteresse e a absoluta falta de perspectivas seriam as principais características de Holden Caufield, caso ele não tivesse, quase malgrado ele mesmo, um coração tão bondoso. A complexidade de caráter, a ingenuidade e a verossimilhança do personagem principal do livro é que tornam O apanhador no campo de centeio tão bom, uma verdadeira obra-prima.
Se o livro realmente foi importante para a cultura pop é outra questão, a ser respondida pelos especialistas no assunto.
(publicado no blog do Mondo Bacana em agosto de 2010)
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