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Entre as mulheres tu avanças,

Teu sorriso frequentemente se angustia:

Eles vieram, os dias de medo.

Branca sobre a sebe a papoula morre.

 

Como teu corpo com um inchar tão bonito

A vinha de ouro amadurece sobre a colina.

Cintila ao longe o espelho da lagoa

E bate a foice nos campos.

 

Nas sarças correm os orvalhos

Vermelhas as folhas escoam até a terra.

Para saudar sua mulher querida

Um Mouro, moreno e rude se aproxima.

 

(Maternidade bendita, de Georg Trakl – traduzido da versão francesa de Jacques Legrand)

Maternidade bendita, de Georg Trakl
Arrependimentos sobre meu velho roupão ou Conselhos àqueles que têm mais gosto que riqueza, por Denis Diderot
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Arrependimentos sobre meu velho roupão ou Conselhos àqueles que têm mais gosto que riqueza, por Denis Diderot
14 de abril de 2015 at 04:30 0
(texto traduzido em 2003) Por que não o guardei? Ele era feito para mim, eu era feito para ele. Ele se moldava a todas as dobras do meu corpo sem incomodá-lo; eu era pitoresco e belo. Não havia nenhum desejo ao qual a sua indulgência não se prestasse; isto porque a indigência é quase sempre extraoficial. Um livro estava coberto de poeira, e um de seus panos se oferecia para limpá-lo. A tinta se espessava e se recusava a caminhar na minha pena, e ele apresentava seu flanco. Via-se nele, traçado em longos raios negros, os frequentes trabalhos que ele me tinha feito. Esses raios longos anunciavam o literato, o escritor, o homem que trabalha. Hoje em dia tenho o ar de uma vagabundo. Não se sabe quem sou. (mais…)
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Janelas, canteiros vivos,
O canto do órgão entra.
Sombras dançam no muro,
De maneira estranha, a ronda louca.

 

As moitas queimando voam com clareza,
Um enxame de moscas vibra.
No campo as foices ceifam
E uma água antiga canta.

 

Quem com seu sopro me acaricia?
Sinais loucos de andorinhas.
No infinito baixinho escoa
A grande floresta dourada.

 

Chamas brilham nos canteiros.
A ronda louca se exalta
Sobre a parede amarela.
Alguém olha na porta.

 

Incenso e pera cheiram bem,
Vidro e arca se obscurecem.
Queimando lentamente, a face
Se inclina em direção às estrelas brancas.

 

(Em um quarto abandonado, de Georg Trakl – traduzido da versão francesa de Jacques Legrand)

Em um quarto abandonado, de Georg Trakl

Na janela em flores voltam a sombra do campanário

E ouro. A fronte em chamas se apaga em quietude e silêncio.

Uma fonte escolhe no escuro dos castanheiros –

Você sente então: como é bom! em doloroso cansaço.

 

O mercado se esvazia dos frutos do verão, das guirlandas.

O escuro esplendor das fachadas nos acalma.

Em um jardim ressoam os acordes de um jogo tenro,

Onde amigos, depois da refeição, se encontram.

 

A alma escuta com prazer os cantos do mágico branco.

Ao redor sibila o trigo que os ceifeiros cortaram no meio-dia.

Paciente, a rude vida se cala nos barracos;

O lampião do estábulo ilumina o doce sono sono das vacas.

 

Bêbadas de brisa, se abaixam logo as pálpebras

Que se abrem baixinho diante dos signos estelares desconhecidos.

De velhos carvalhos Endymion surge do escuro

E se inclina sobre águas enlutadas.

 

(Musa da noite, de Georg Trakl – traduzido da versão francesa de Jacques Legrand)

Musa da noite, de Georg Trakl