Bones: “Whiterapper”, o começo de tudo
Música

Bones: “Whiterapper”, o começo de tudo

15 de setembro de 2015 0

Bones já tinha colocado na internet (de graça, como sempre) muitos de seus vídeos e músicas e naquele longínquo 4 de julho de 2012, quando lançou “Whiterapper”, ainda como Th@ Kid. O centro da capa do disco mostra uma foto do rapper de corpo inteiro; nos dois cantos inferiores são apresentadas fotos em que Bones mostra o dedo do meio: nas três ele porta um colar bem chamativo. Nos dois cantos superiores, alguns negros – aparentemente rappers. Ao fundo, um pouco abaixo do centro, dois carros esportivos. É uma típica capa de disco de rap.

Se Bones já tinha lançado muitos vídeos e músicas antes de “Whiterapper”, por que o título deste texto é “Bones: ‘Whiterapper’, o começo de tudo”? E por que 2012 é longínquo, se ainda estamos em 2015? Respondo abaixo.

O segundo vídeo do canal do Youtube de Bones, o Teamsesh, é de uma faixa de “Whiterapper” ($WITCHBLADE). Também por isto, mas principalmente pela sua qualidade intrínseca, tenho para mim que, quando lançou as 50 (!) faixas de “Whiterapper”, ele achou que o seu aprendizado tinha acabado: Bones já podia mostrar ao mundo (opa!) que, aos 18 anos, podia fazer um rap tão bom quanto aquele que o inspirava – principalmente o rap californiano do início dos anos 90, cortesia de Dr. Dre, Snoop Doggy Dogg e, mais tarde, Eminem.

A influência das obras-primas “The Chronic”, de Dr. Dre (1992) e “Doggystyle”, de Snoop Doggy Dogg (1993), é evidente em boa parte das faixas de “Whiterapper”: por exemplo, nas excelentes SKINNYWHITEPIMP, WHITEZOMBIE, GOLDCHAINRENEGADE, BIGBOBTHEBEEPERKING (com um sampler de Snoop Doggy Dogg), CADILLAC (uma bela melodia, numa das melhores faixas do disco). Quanto a Eminem, Bones parece homenageá-lo no discurso final de OUNCE&AHALF e no estilo arrogante do vocal de algumas faixas (CLEOPATRA, por exemplo). É um pouco menos evidente (pelo menos para mim), mas alguns raps (como os excelentes BLUNTWRAPKILLER e PALLETTOWN) parecem influenciados pelos nova-iorquinos do Wu Tang Clan.

Mas em “Whiterapper” o objetivo não é apenas mostrar que ele consegue fazer rap tão bom quanto aquele dos anos 90: em algumas faixas (WOODGRAINGRIPPIN, GRIME, $KIMA$K&AGLOCK, TAPEDECK$OUNDS, UPPALLNIGHT, a maravilhosa MOON) a sonoridade é influenciada por estilos mais modernos, como o vaporwave e o grime. Já outras (XPAC, BA$EMENT, RACKET, $PARKIN, BER$ERK, NEWWHITESHOES) têm bases tão espetaculares que é até um pecado procurar por influências.

Finalmente, o “estilo Bones de ser” já estava lá: FILTH, GHOST e CA$EYJONES (uma das melhores músicas que já ouvi na vida) caberiam tranquilamente em qualquer disco mais recente do rapper (e não à toa elas têm ótimos clipes).

Sob qualquer aspecto que se analise, “Whiterapper” é um disco espetacular. Ao mesmo tempo, Bones lançou tanta coisa fenomenal de lá para cá que os três anos desde o seu lançamento parecem o quádruplo.

Os clássicos não envelhecem jamais, alguém diria.

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