Covid-19

Qual a quantidade real de mortos devido à COVID-19?
História
Qual a quantidade real de mortos devido à COVID-19?
20 de junho de 2021 at 22:36 0
Qual o tamanho da tragédia mundial do COVID-19? Desde o início da pandemia, ficava me perguntando qual a quantidade de mortos a mais do que o previsto desde março de 2020. Cheguei a pesquisar alguma coisa nos dados estatísticos de sites como o do Banco Mundial, mas não fui adiante – até que saiu a notícia na imprensa de que o mundo pode ter o dobro de mortes do que dizem os números oficiais. Fui então pesquisar alguns artigos sobre o assunto, e o presente texto apresenta o resumo do artigo “Estimation of total mortality due to COVID-19”, do IMHE (Institute for Health Metrics and Evaluation), cujo link pode ser obtido aqui. Pretendo voltar nesse assunto por aqui ainda. Segundo o artigo, o parâmetro que calcula “a quantidade de mortos a mais do que o previsto” se chama “excesso de mortes”, “definido como a diferença entre o número observado de mortes em períodos de tempo específicos e o número esperado de mortes nos mesmos períodos de tempo”. Para avaliar a mortalidade total por COVID-19, foi necessário verificar se a quantidade de mortos foi subnotificada, e possíveis razões para esta subnotificação incluem:
  • A capacidade de teste varia acentuadamente entre os países e dentro dos países ao longo do tempo;
  • Em muitos países de alta renda, as mortes por COVID-19 em indivíduos mais velhos, especialmente em instituições de longa permanência, não foram registradas nos primeiros meses da pandemia;
  • Em outros países, como Equador, Peru e Federação Russa, a discrepância entre as mortes relatadas e o “excesso de mortes” sugere que a taxa de mortalidade total do COVID-19 é muitíssimo maior do que os relatórios oficiais.
O “excesso de mortes” para o caso da COVID-19 é influenciado por seis fatores de mortalidade que se relacionam com a pandemia e o distanciamento social que veio com ela. Esses seis fatores são: a) a taxa total de mortalidade por COVID-19, ou seja, todas as mortes diretamente relacionadas à infecção por COVID-19; b) o aumento da mortalidade devido ao adiamento dos cuidados de saúde necessários durante a pandemia; c) o crescimento da mortalidade devido ao aumento dos transtornos mentais, incluindo depressão, abuso de álcool e de opioides; d) a redução na mortalidade devido a diminuições nas lesões devidas a reduções gerais na mobilidade (diminuição de acidentes de carro, por exemplo); e) diminuição no número de mortos devido à menor transmissão de outros vírus, principalmente influenza, vírus sincicial respiratório e sarampo; e f) redução na mortalidade devido a algumas condições crônicas, como doenças cardiovasculares e doenças respiratórias crônicas, que ocorrem quando indivíduos frágeis que teriam morrido por essas condições morreram mais cedo de COVID-19. O artigo do IMHE calcula as reduções de mortes em torno de 615.000 mortes ou mais, decorrentes de mudanças comportamentais em nível global. Os principais aumentos potenciais no excesso de mortalidade devido ao tratamento adiado e aumentos na overdose de drogas e depressão são difíceis de quantificar, ou de magnitude muito menor. Dado que não há evidências suficientes para estimar essas contribuições para a mortalidade excessiva, assumiu-se que o total de mortes por COVID-19 é igual ao “excesso de mortes” mas, devido a razões apresentadas no artigo do IMHE, concluiu-se que isto provavelmente foi subestimado. À medida que as evidências se fortalecem nos próximos meses e anos, é provável que sejam revisadas as estimativas de mortes por COVID-19 para cima em próximos trabalhos. A principal conclusão do artigo “Estimation of total mortality due to COVID-19” é apresentada num gráfico, que é a imagem que acompanha este texto, em que a linha mais clara superior é a quantidade diária real de mortos, enquanto a de baixo, mais escura, é o número oficial. Em termos de números totais, do início da pandemia até 31 e maio de 2021, segundo o artigo da IMHE a quantidade real de mortos chegou a 7,1 milhão de mortos, enquanto o número oficial correspondente foi de 3,33 milhões. O artigo do IMHE também apresenta a subnotificação estimada para países e estados no mundo inteiro, calculada pela divisão entre o número de mortos real e o oficial, apresentada abaixo. Na figura, quanto mais próximo do azul escuro, maior a subnotificação e, quanto mais próximo do laranja vivo, menor este valor. Em termos de Brasil, do início da pandemia até 31 de maio de 2021 foram reportados 423.307 mortos, enquanto o número real calculado no artigo chegou a 616.914, numa subnotificação de 1,46.
Leia mais +
Xadrez e Covid-19
Esporte, História
Xadrez e Covid-19
6 de junho de 2021 at 03:19 0
Ainda um pouco antes do boom mundial de xadrez, causado pela popular série da Netflix Gambito da Rainha, houve um aumento expressivo no número de jogadores do jogo devido à pandemia, já que as pessoas de uma hora para outra passaram a ficar em casa com mais tempo livre. Eu mesmo, que tinha jogado e estudado um pouco de xadrez na adolescência - ensinado basicamente pelo meu grande amigo Edson Luciani de Oliveira -, retomei o gosto pelo jogo aí pelo meio do ano passado, principalmente por causa dos canais do YouTube Xadrez Brasil, de Rafael Leite, e GothamChess, de Levy Rozman. Ainda gostaria de falar mais sobre o assunto, mas o objetivo deste texto é bem mais específico, e para isto basta dizer que pratico principalmente xadrez online na plataforma Chess.com, e que lá cada jogador tem seu rating - um número que, segundo a Wikipédia, calcula a força relativa e cada jogador. O melhor jogador o mundo na atualidade, o norueguês Magnus Carlsen, tem um rating de cerca de 2847; super grandes mestres (ou Super GMs) – como o russo Ian Nepomniachtchi, que vai desafiar o campeão mundial em novembro, ou o ítalo-americano Fabiano Caruana - têm ratings acima ou próximos de 2800; com mais de 2000 o jogador normalmente já pode ser considerado profissional, ou semiprofissional; eu, com 1096 de rating no Chess.com no dia em que escrevo este texto (6 de junho de 2021), posso apenas ser considerado um amador que tem uma noção mínima do jogo. O rating de 1100 parece ser o meu limite se eu não estudar com afinco – coisa que não pretendo fazer, na verdade. Respondendo a perguntas de seus seguidores, por coincidência ontem ainda o Grande Mestre Rafael Leitão comentou que, para passar deste rating, é necessário estudar; e eu prefiro só assistir a vídeos de xadrez no YouTube e jogar partidas online no Chess.com contra adversários com capacidade técnica semelhante à minha. O gráfico abaixo, que apresenta meu rating desde que entrei na plataforma até o início de março de 2021, mostra que vai ser bem complicado de eu passar de 1100 se eu não me esforçar: Falando agora do principal objetivo deste texto: no dia 16 de março de 2021 fui diagnosticado com Covid-19. Além de dar graças a Deus por nem eu nem minha família termos tido casos graves da doença, tive como principal sintoma um cansaço profundo e duradouro. Olhando meu gráfico de rating de xadrez a partir desta data, notei um persistente declínio, conforme mostra a figura que acompanha este texto, que apresenta o meu desempenho no Chess.com nos últimos 90 dias. O gráfico é, de certa forma, impressionante: se no dia do meu diagnóstico eu estava com um rating de 1042, pouco mais de um mês depois, em 27 de abril, eu tinha caído para 902. Só fui passar de 1000 no dia 22 de maio, mais de dois meses depois do meu diagnóstico, e desde então não baixei mais deste limiar, chegando no valor de 1096 no dia de hoje. É claro, repito, que só tenho de agradecer a Deus por ter sido só isso, mas achei interessante compartilhar esta minha experiência específica com esta doença terrível.
Leia mais +