Samuel Beckett

“Malone Morre”, de Samuel Beckett
Literatura
“Malone Morre”, de Samuel Beckett
14 de agosto de 2016 at 17:22 4
Se a memória não me trai, Paulo Francis uma vez escreveu que autores como Borges, Kafka e Samuel Beckett (este, vencedor do Nobel de 1969) eram muito estudados nas universidades porque tinham obras curtas, o que sem dúvida facilita a vida do crítico: parece, por exemplo, que raríssimas pessoas leram tudo o que Victor Hugo escreveu (aí incluindo cartas e textos não voltados à publicação). Enfim. Kafka é um dos meus autores preferidos, de Borges não sou assim tão fã e de Beckett eu só tinha lido a famosa peça de teatro “Esperando Godot”, em que uns vagabundos ficam esperando um sujeito que não chega nunca. Irlandês que escrevia em inglês e francês, Beckett (1906-1989) era inicialmente mais conhecido pela peça supracitada, mas hoje em dia parece que a sua "trilogia do pós-guerra", composta pelos romances “Murphy”, “Malone Morre” (sobre o qual vou comentar aqui) e “O Inominável”, é considerada o auge de sua produção literária. “Malone Morre” é contado em primeira pessoa pelo próprio Malone, um inválido que está num quarto de hospital (ou asilo) e começa a contar histórias para passar o tempo. Uma delas é sobre um rapaz quase deficiente mental chamado Sapo, que pertence à família Saposcat. Seus pais preveem um grande futuro para ele, mas o garoto não entende direito o que eles querem, e só quer saber de andar no meio da natureza, que ele adora, meio sem rumo. A família Louis é composta pelo pai, pela mãe e dois filhos. O chefe da família, chamado por Malone de Grande Louis, é um sujeito violento e que tem grande prazer em seu trabalho, que é sangrar e esquartejar porcos. Outro personagem criado durante as digressões do inválido é o idoso Macmann, que se deita no chão num parque durante uma forte chuva e acorda num asilo. Lá ele tem um tórrido caso de amor com uma idosa designada para cuidar dele. (mais…)
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