“Novelas nada exemplares”, de Dalton Trevisan
Literatura

“Novelas nada exemplares”, de Dalton Trevisan

29 de outubro de 2017 0

É muito interessante revisitar os primeiros livros do maior escritor curitibano até hoje. Se nas obras mais recentes seu estilo está cada vez mais conciso – com contos que chegam a ser escritos em poucas linhas -, em seu livro de estreia, “Novelas nada exemplares”, de 1959 (Civilização Brasileira, 168 páginas), Dalton Trevisan era um escritor mais “tradicional”, com contos de umas seis páginas em média. Mas sua temática, sobre as pequenas tragédias das classes baixa e média baixa de Curitiba, já estava toda lá.

O conto “Últimos dias” descreve a agonia de uma velha senhora senil. “Meu avô” conta a história dos suicídios do avô e do pai do narrador. “Olho de peixe” é sobre uma mulher que abandona o marido e a filha, sem nenhum motivo aparente. “Quarto de hotel” conta a história de um marido que, depois de uma discussão com a mulher, vai morar num hotel. “João Nicolau” é um homem monstruosamente violento com as mulheres. Os melhores contos, provavelmente, são “No beco”, sobre um namoro acuado por ameaças de violência, e o lancinante “Penélope”, que conta a história de um velho casal sem filhos, cuja paz é destruída por cartas anônimas.

Dalton Trevisan, em sua longa obra, criou um universo tão fascinante de tipos, atmosferas e histórias que eu fico sem ter como concluir. Poderia simplesmente dizer que sinto orgulho de ser da mesma cidade que ele. Que tal?

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