Michel Houellebecq

Os livros que mais gostei de ter lido em 2020
História, Literatura
Os livros que mais gostei de ter lido em 2020
31 de dezembro de 2020 at 15:16 0
  1. “Gengis Khan e a formação do mundo moderno”, de Jack Weatherford: provavelmente você não sabia que o grande imperador mongol (1158 – 1227) tinha uma mentalidade tão à frente do seu tempo.
  2. “Não me abandone jamais”, de Kazuo Ishiguro: poucos livros me perturbaram tanto.
  3. “O império de Hitler”, de Mark Mazower: sempre tive curiosidade de saber como os nazistas se comportavam como colonizadores, coisa que este livro monumental explica.
  4. “A destruição dos judeus europeus”, de Raul Hilberg: outro livro monumental, sobre o Holocausto neste caso.
  5. “O mapa e o território”, de Michel Houellebecq: fico mais feliz lendo uns autores do que outros, e Michel Houellebecq é um dos que me dão mais alegria na leitura.
  6. “Os testamentos”, de Margaret Atwood: continuação de “O conto da Aia”, não preciso explicar mais.
  7. “As luas de Júpiter”, de Alice Munro: tem gente que reclama do Prêmio Nobel de Literatura por causa disso e daquilo, mas eu provavelmente não conheceria autoras como esta canadense se não fosse a Academia Sueca.
  8. “A época da inocência”, de Edith Wharton: um amor mal resolvido e os preconceitos e costumes dos ricos americanos do final do século XIX e início do século XX numa obra-prima.
  9. “O dom”, de Vladimir Nabokov: Nabokov é Nabokov, e pronto.
  10. Deus, essa gostosa, de Rafael Campos Rocha: uma história em quadrinhos que comprova que God is a woman, como diz a Ariana Grande, uma favorita aqui da casa.
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“O mapa e o território”, de Michel Houellebecq
Literatura
“O mapa e o território”, de Michel Houellebecq
26 de outubro de 2020 at 13:17 0
Jed Martin é um artista plástico de sucesso, tendo feito uma exposição com fotos de ferramentas e outra com montagens de fotos de mapas Michelin, e é o personagem principal de “O mapa e o território”, do escritor francês Michel Houellebecq (Editora Record, tradução de André Telles, 400 páginas, publicado originalmente em 2010 e vencedor do Prêmio Goncourt). Quando vai fazer sua primeira exposição de pinturas – cujo principal tema é o trabalho, e na qual o maior destaque é um quadro chamado “Bill Gates e Steve Jobs discutem o futuro da informática” - ele resolve chamar o escritor Michel Houellebecq para fazer o texto do catálogo. Sim, Houellebecq acaba aparecendo no próprio livro como personagem e não de maneira elogiosa – solitário, amargurado, sem higiene, alcoólatra. Jed Martin é solitário, compenetrado e tem alguns relacionamentos amorosos - mas nada muito profundo. Grande parte de “O mapa e o território” é dedicado à descrição de sua arte, e é pena que o assunto “artes plásticas” não chegue a me interessar muito. Enfim, pela temática, pelo personagem principal e pela história este livro teria tudo para me desagradar, mas não foi o que aconteceu. Afinal de contas, que escritor sensacional é Michel Houellebecq! Li “O mapa e o território” com grande prazer, e não me entediei em nenhuma das suas 400 páginas. (foto: france-amérique.com )
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Literatura
“Serotonina”, de Michel Houellebecq
8 de dezembro de 2019 at 16:09 0

Logo no início do livro, o narrador Florent-Claude Labrouste, francês e com quarenta e seis anos, está na Espanha e começa a ajudar duas belas espanholas de cerca de vinte anos cada uma – uma de cabelos castanho-claros, outra de cabelos escuros – a trocar o pneu do carro delas. Florent-Claude Labrouste (nome que ele mesmo detesta) comenta que elas são lindas, e acrescenta que "nos últimos tempos ele havia esquecido" até que ponto "as garotas podem ser lindas”, e continua:

“Mas as garotas eram reais, e fui tomado por um leve pânico quando uma delas veio na minha direção. Tinha cabelo castanho-claro, comprido e levemente ondulado, e na testa usava uma faixa de couro fininha decorada com motivos geométricos coloridos. Um top de algodão branco cobria mais ou menos seus seios, e a saia top de algodão branco cobria mais ou menos seus seios, e a saia curta, esvoaçante, também de algodão branco, parecia prestes a se levantar com qualquer baforada de ar – mas não havia, esteja dito, nenhuma baforada de ar, Deus é clemente e misericordioso.”

O texto acima, logo no início de “Serotonina”, do francês Michel Houellebecq (Alfaguara, 240 páginas, tradução de Ari Roitman e Paulina Wacht) é uma boa mostra do estilo do autor: frases longas com muitas vírgulas e comentários, o sexo como uma presença constante, tiradas extremamente cômicas – “Deus é clemente e misericordioso” é uma frase que se repete no Alcorão, o que dá um efeito inesperado no trecho transcrito.

No livro, Florent-Claude Labrouste é um engenheiro agrônomo de sucesso e, ainda por cima, herdeiro de uma grande fortuna, mas isso não o torna feliz: com relações sempre complicadas com (muitas) mulheres, aos quarenta e seis anos o narrador de “Serotonina” está solitário, e também sem desejo sexual, devido ao antidepressivo que está tomando. O livro, uma pequena obra-prima de tom engraçado e amargo ao mesmo tempo, conta as aventuras e desventuras de Florent-Claude Labrouste depois do encontro fortuito narrado acima. 

Eu não sou muito dado a leituras sociológicas dos romances que leio, mas se há um livro que narra de modo implacável aspectos importantes da vida moderna – o uso dos antidepressivos, a falta de esperança generalizada, o desinteresse pelo mundo -, é “Serotonina”, deste grande Michel Houellebecq.

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Literatura
“Submissão”, de Michel Houellebecq
20 de outubro de 2019 at 14:13 0
fonte: https://mondoweiss.net/2017/07/novelist-houellebecq-brotherhood/

Num futuro próximo, um partido islâmico chamado “Irmandade Muçulmana” ganha as eleições na França e começa a modifica o dia-a-dia dos franceses. O desemprego desaba rapidamente, já que as mulheres devem ficar em casa cuidando dos filhos, a poligamia é estimulada, as estudantes universitárias devem cobrir a cabeça e a educação é obrigatória somente até os doze anos de vida. Este é o tema de fundo de "Submissão", brilhante romance vagamente distópico do francês Michel Houellebecq (Alfaguara, 253 páginas).

O livro é contado em primeira pessoa por François, professor de literatura especialista no escritor francês J.K. Huysmans (1848-1907), escritor decadentista, autor da obra-prima "Às avessas" e que se converteu ao catolicismo no final da vida. François é solitário, cínico, e amante de mulheres bem mais jovens que ele.  

Assim como seu personagem principal, o romance "Submissão" é cínico e, apesar de parecer contra o islã em uma ou outra passagem, está longe de ser um manifesto antimuçulmano. Independentemente de qualquer coisa, o romance tem passagens engraçadíssimas e, como um todo, é delicioso de ler.   

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“Plataforma”, de Michel Houellebecq
Literatura
“Plataforma”, de Michel Houellebecq
10 de novembro de 2016 at 21:08 0
Lançado originalmente em 2001, “Plataforma”, do francês Michel Houellebecq (Anagrama, 316 páginas), é um livro difícil de definir. (mais…)
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