Kazuo Ishiguro

Os livros que mais gostei de ter lido em 2020
História, Literatura
Os livros que mais gostei de ter lido em 2020
31 de dezembro de 2020 at 15:16 0
  1. “Gengis Khan e a formação do mundo moderno”, de Jack Weatherford: provavelmente você não sabia que o grande imperador mongol (1158 – 1227) tinha uma mentalidade tão à frente do seu tempo.
  2. “Não me abandone jamais”, de Kazuo Ishiguro: poucos livros me perturbaram tanto.
  3. “O império de Hitler”, de Mark Mazower: sempre tive curiosidade de saber como os nazistas se comportavam como colonizadores, coisa que este livro monumental explica.
  4. “A destruição dos judeus europeus”, de Raul Hilberg: outro livro monumental, sobre o Holocausto neste caso.
  5. “O mapa e o território”, de Michel Houellebecq: fico mais feliz lendo uns autores do que outros, e Michel Houellebecq é um dos que me dão mais alegria na leitura.
  6. “Os testamentos”, de Margaret Atwood: continuação de “O conto da Aia”, não preciso explicar mais.
  7. “As luas de Júpiter”, de Alice Munro: tem gente que reclama do Prêmio Nobel de Literatura por causa disso e daquilo, mas eu provavelmente não conheceria autoras como esta canadense se não fosse a Academia Sueca.
  8. “A época da inocência”, de Edith Wharton: um amor mal resolvido e os preconceitos e costumes dos ricos americanos do final do século XIX e início do século XX numa obra-prima.
  9. “O dom”, de Vladimir Nabokov: Nabokov é Nabokov, e pronto.
  10. Deus, essa gostosa, de Rafael Campos Rocha: uma história em quadrinhos que comprova que God is a woman, como diz a Ariana Grande, uma favorita aqui da casa.
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História, Literatura
Leituras na pandemia
20 de abril de 2020 at 21:52 0
foto do autor

“O império de Hitler”, do britânico Mark Mazower (Companhia das Letras, 801 páginas, tradução de Claudio Carina e Lucia Boldrini), conta o que os alemães aprontaram em toda a Europa quando colonizaram grande parte do continente entre 1939 e 1945. O livro mostra que a ideologia racial nazista era mais importante que considerações práticas ou econômicas – e que isto acabou tendo importância fundamental na derrota do regime de Hitler em 1945.

Não acho que a literatura deva defender posição política – não explicitamente, pelo menos. “A barata”, de Ian McEwan (Companhia das Letras, 104 páginas, tradução de Jório Dauster), faz exatamente isso: o livro, em que uma barata se transforma no primeiro-ministro inglês (a alusão à “Metamorfose”, de Kafka, é óbvia), é declaradamente uma denúncia contra o Brexit – como o posfácio, escrito pelo autor, deixa muito claro. Mas o livro é muito divertido e, como sempre no caso do grande escritor inglês, é extremamente bem escrito.

Fiquei sabendo depois de ter comprado o livro que “Blade Runner”, de Philip K Dick (Aleph, 283 páginas, tradução de Ronaldo Bressane) se chamava inicialmente “Androides sonham com ovelhas elétricas”. Assisti ao filme baseado no livro muitos anos atrás, e lembro que gostei muito. O romance - uma ficção científica que conta a história de um caçador de androides que estavam causando perigo às pessoas - não me impressionou tanto (creio que se ele tivesse metade do tamanho seria melhor). De todo modo, as discussões que o livro desperta - sobre consciência, empatia e sobre o que, afinal, nos faz humanos – são muito interessantes.

Aparentemente, “Não me abandone jamais”, do escritor Prêmio Nobel de Literatura de 2017, o inglês Kazuo Ishiguro (Companhia das Letras, 343 páginas, tradução de Beth Vieira), conta a história de uma escola na Inglaterra, com alunos vivendo as situações normais da infância/adolescência: o bullying, a amizade, a descoberta do sexo. Mas não é bem isso. Melhor não contar mais nada, mas vou dar uma dica: se você quiser ler o livro, recomendo que nem leia as orelhas do romance, uma obra-prima assustadora publicada originalmente em 2005.

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Dois romances
Literatura
Dois romances
23 de dezembro de 2018 at 16:27 0
Dois romances muito bons, duas boas dicas de leitura. Desde muito cedo ouço falar que os romances de Machado de Assis anteriores a “Memórias póstumas de Brás Cubas” (1881) não são lá essas coisas. Qual não foi a minha surpresa quando li “A mão e a luva”, um tempo atrás, e percebi que o livro era tudo, menos ruim. Esta impressão foi reforçada com a leitura recente de “Helena” (Penguin-Companhia das Letras, 280 páginas), outro romance da fase “romântica” do autor. (mais…)
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Os livros que eu mais gostei de ter lido em 2018
Literatura
Os livros que eu mais gostei de ter lido em 2018
16 de dezembro de 2018 at 15:12 0
  1. “As irmãs Makioka”, de Junichiro Tanizaki: um painel da vida no Japão em meados do século XX, a história de quatro irmãs, um dos melhores livros que já li.
  2. “Ilíada”, de Homero: o início da literatura ocidental.
  3. “Triste Fim de Policarpo Quaresma”, de Lima Barreto: a história do nacionalista patético que queria que o tupi fosse a língua oficial do Brasil é apenas parte deste livro fascinante.
  4. “O Gigante Enterrado”, de Kazuo Ishiguro: um livro de fantasia e grande literatura.
  5. “Confissões”, de Santo Agostinho: não há como superestimar a influência deste livro na literatura, na teologia e na filosofia ocidentais.
  6. “A Descoberta da Escrita”, de Karl Ove Knausgard: o quinto dos seis livros da série “Minha Luta”, do grande escritor norueguês. Quando a Companhia das Letras vai lançar o sexto?
  7. “Un cirque passe”, de Patrick Modiano: uma jovem misteriosa, perdida - e apaixonante.
  8. “A gorda do Tiki Bar”, de Dalton Trevisan: o título já diz tudo. O curitibano em sua melhor forma.
  9. “Hors d’atteinte?”, de Emmanuel Carrère: o vício em jogo, no meio de um casal intelectualizado e vazio, numa história contada com carinho e um pouco de cinismo.
  10. “Lúcia McCartney”, de Rubem Fonseca: acho que nunca vou esquecer o impacto dos primeiros contos deste livro.
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Três livros de contos
Literatura
Três livros de contos
9 de dezembro de 2018 at 12:50 0
Três excelentes livros de contos, muito diferentes uns dos outros. “Noturnos”, do britânico Kazuo Ishiguro, Prêmio Nobel de 2017 (Companhia das Letras, 214 páginas) conta sete histórias de músicos: um grande cantor do passado que tenta fazer uma serenata para a mulher em Veneza (“Crooner”), uma história mal resolvida do tempo da juventude que volta à tona (“Chova ou faça sol”), um guitarrista jovem que encontra um casal de músicos de meia idade (“Malvern Hills”), e o melhor conto do livro, o hilário “Noturno”, que conta uma noite maluca num hotel de luxo. O livro, traduzido por Fernanda Abreu, é ótimo – apenas a última história, a implausível “Celistas”, é esquecível. “Feliz ano novo” é um clássico do grande Rubem Fonseca (Companhia das Letras, 184 páginas) e merece sua fama - pela qualidade de suas histórias violentas e inesperadas. Só que, confesso, às vezes eu ficava meio enfastiado em meio a tanto sangue derramado. O melhor fica para o fim: “Fugitiva”, de Alice Munro, Prêmio Nobel de 2013 (Editora Globo, 350 páginas), é tão bom quanto o outro dela que eu tinha lido, “Ódio, Amizade, Namoro, Amor, Casamento” – sobre o qual comentei aqui que “me trouxe um prazer que eu mesmo não estou acostumado a sentir em minhas leituras”. Não precisa dizer mais nada. (crédito da foto: The New Republic)
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“O Gigante Enterrado”, de Kazuo Ishiguro
Literatura
“O Gigante Enterrado”, de Kazuo Ishiguro
15 de abril de 2018 at 20:58 0
Causou surpresa entre os críticos a publicação de “O Gigante Enterrado”, de Kazuo Ishiguro, em 2015 (Companhia das Letras, 400 páginas): o livro é uma história de fantasia em que aparecem ogros, gigantes, dragões, raros em livros de autores “sérios” como este inglês, nascido no Japão, vencedor do Prêmio Nobel de 2017. Numa aldeia medieval inglesa, pouco tempo depois da morte do rei Arthur, a população está perdendo a memória. As pessoas não lembram de fatos importantes do passado, como casamento o nascimento dos filhos. Um casal  de idosos, Axl e Beatrice, que está sofrendo perseguições por motivos mal explicados, resolve ir atrás do filho, que – eles lembram vagamente – mora numa ilha a alguns dias de distância a pé. É nesse caminho que eles encontram os dragões, ogros e gigantes citados acima, e descobrem por que as pessoas estão perdendo a memória. (mais…)
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