Freud

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Filosofia
Freud
2 de julho de 2023 at 15:16 0
Um dos melhores livros que já li é “A interpretação dos sonhos”, de Sigmund Freud, o criador da psicanálise, publicado orginalmente em 1900. Gostei tanto da obra que uma vez minha filha psicóloga comentou comigo que, quando falava em psicologia, eu praticamente só citava este livro. O perigo de ser o leitor de um livro só. Para tentar me aprofundar um pouco mais sobre o assunto li recentemente três livros sobre Freud e seu método. Na adolescência eu gostava muito das coleções “Primeiros passos” (sobre temas gerais) e “Encanto radical” (de biografias), da Editora Brasiliense. Eram livros de bolso com pouco mais de cem páginas cada um, e alguns dos meus preferidos foram aqueles sobre Anarquismo, Punk, James Dean e Marcel Proust. Da coleção "Primeiros Passos" e lançado originalmente em 1984, “O que é psicanálise” está longe de ser um livro voltado para um desconhecedor do assunto. Com linguagem empolada, o livro, escrito por Fábio Herrmann, parece feito sob medida para especialistas em psicanálise. Um trecho pego meio aleatoriamente dá uma ideia da coisa:
“A sexualidade, então, há de ser entendida pelas qualidades do apelo que seu objeto exerce. Trata-se, em primeiríssimo lugar, de um recorte apropriado do real, duma área bem delimitada e especial, comparável ao quadrado da janela alheia, no caso do exibicionismo-voyeurismo. Em segundo lugar, para que o apelo ganhe máxima eficiência, para que alcance o fascínio, será requerido um equilíbrio adequado dos componentes do atrativo.”
Muito melhor é “Freud básico – pensamentos psicanalíticos para o século XXI”, de Michael Kahn (BestBolso, 238 páginas, tradução de Luiz Paulo Guanabara, publicado originalmente em 2002). Neste caso o autor descreve de maneira bastante acessível os principais aspectos da obra de Freud e comenta o estado atual da psicanálise. Minha ideia, quando resolvi escrever este texto, era comentar apenas sobre os dois exemplares citados acima. Mexendo na minha prateleira acabei vendo outro livro que li recentemente e que tinha comprado nos anos 1980: “Conheça Freud”, livro em quadrinhos com roteiro de Richard Appignanesi e ilustrações de Oscar Zarate (Proposta Editorial, 175 páginas, sem indicação de tradução). De fato, este livro é uma boa introdução para quem não sabe nada sobre Freud!
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As séries a que mais gostei de ter assistido em 2020
Séries
As séries a que mais gostei de ter assistido em 2020
19 de dezembro de 2020 at 19:18 0
Seguem abaixo, na ordem de preferência, as séries a que eu mais gostei de ter assistido em 2020. Estão relacionados, além dos países nos quais elas foram produzidas, os serviços de streaming nos quais elas são transmitidas no Brasil - e não necessariamente as companhias produtoras originais.
  1. 8 em Istambul (Netflix, uma temporada com oito episódios, Turquia): conta com grande sensibilidade a história de alguns personagens em Istambul, certamente uma das três melhores séries a que já assisti na vida. Minha filha, a futura psicóloga Teresa da Silveira Muller, deveria assistir também.
  2. O gambito da Rainha (Netflix, uma temporada com sete episódios, Estados Unidos): maior sucesso da história da Netflix, a história da jogadora de xadrez fictícia Beth Harmon é tão boa quanto você já ouviu falar por aí.
  3. Justiça (Globoplay, uma temporada com vinte episódios, Brasil): quatro histórias paralelas em Recife, uma prova de que o Brasil pode fazer séries com a mesma qualidade das americanas ou europeias.
  4. Nada ortodoxa (Netflix, uma temporada com quatro episódios, Estados Unidos/Alemanha): uma moça recém-casada numa família ultraortodoxa de Nova Iorque resolve fugir de tudo e tentar a sorte na Alemanha. A atriz principal, a israelense Shira Haas, já tinha brilhado em Shtisel, comentado aqui.
  5. Freud (Netflix, uma temporada com oito episódios, Áustria/Alemanha): alguns fatos reais e muita especulação – de caráter às vezes paranormal - sobre o início da vida profissional do criador da psicanálise.
  6. Quarta temporada de The Crown (Netflix, dez episódios, Reino Unido): o bacana desta série sobre a família real britânica é que cada episódio conta uma história diferente e pode praticamente ser assistido de maneira independente. Se metade do que a nova temporada fala sobre o Príncipe Charles for verdade, até consigo entender por que a Rainha Elisabeth, segundo as más-línguas, não quer passar o trono para ele.
  7. Em nome de Deus (Globoplay, uma temporada com seis episódios, Brasil): série documental brilhante sobre o paranormal João de Deus - acusado por dezenas de mulheres de assédio sexual -, produzida por Pedro Bial e Camila Appel.
  8. Downton Abbey (Amazon Prime, seis temporadas com 52 episódios no total, Reino Unido): história fictícia e deliciosa de uma família nobre britânica.
  9. The man in the high castle (Amazon Prime, quatro temporadas com 40 episódios no total, Estados Unidos): baseada no romance homônimo do romancista americano Philip K. Dick, ela imagina um mundo paralelo onde os nazistas teriam vencido a Segunda Guerra.
  10. Marianne (Netflix, uma temporada com oito episódio, França): série assustadora sobre uma escritora de romances de terror. Não se impressione pelo fato de a Netflix tê-la cancelado depois da primeira temporada: Stephen King é fã, e isso diz tudo.
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Lou-Andreas Salomé
Filosofia
Lou-Andreas Salomé
26 de novembro de 2018 at 16:55 0
Romancista, ensaísta e psicanalista, Lou-Andreas Salomé (1861-1937) – nascida na Rússia, tendo passado grande parte da vida na Alemanha – escreveu uma vasta obra, quase toda esquecida nos dias de hoje. Mesmo assim ela é uma fonte de biografias ainda lidas com interesse, como esta ótima “Lou-Andreas Salomé”, de Dorian Astor (L&PM, 320 páginas). Por que sua vida ainda desperta uma atenção que sua obra não desperta mais? A resposta é simples: sua ligação profunda com o filósofo alemão Friedrich Nietzsche (1844-1900), com o poeta, também alemão, Rainer Maria Rilke (1875-1926) e com o “pai da psicanálise”, o austríaco Sigmund Freud (1856-1939). Com Nietzsche, Lou-Andreas Salomé tentou uma relação amorosa a três – o outro membro do triângulo era o escritor e médico alemão Paul Rée (1849-1901) –, apenas “espiritual”, sem sexo. Obviamente que os homens do grupo acabaram não gostando muito da brincadeira e o triângulo não durou muito: o primeiro a sair foi Nietzsche, que tinha se apaixonado por ela (possivelmente, foi o maior amor da vida do filósofo). (mais…)
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Rápidos comentários sobre livros lidos – 5
Literatura
Rápidos comentários sobre livros lidos – 5
3 de setembro de 2015 at 05:45 0

Uma das coisas surpreendentes de O Homem Eterno (Editora Mundo Cristão), do escritor inglês G.K.Chesterton (1874-1936) é como ele consegue agradar ateus ou agnósticos inteligentes. Daniel Piza, de quem eu reclamei recentemente aqui, indicou o livro em sua coluna no Estadão. Marcelo Coelho falou bem do livro no jornal Folha de São Paulo. Por estes críticos admiram esta genial obra em defesa do cristianismo em geral, e do catolicismo em particular? Alcir Pécora, também na Folha, explica: “por mais que o leitor partilhe dos pressupostos ateus, evolucionistas e materialistas que ele combate, não tem como se impedir de admirar a capacidade inesgotável de Chesterton para fazer do que parece verdade certa o objeto de um saco de piadas engraçadas e inteligentes”.

Chesterton se converteu ao catolicismo já no final da vida, e O Homem Eterno foi escrito já depois de sua conversão. A obra é dividida em duas partes, resumidas com pouquíssimas palavras a seguir: em “Da criatura chamada homem” Chesterton explica que o homem é muito mais diferente dos animais do que sonha a vã filosofia ateia, e em “Do homem chamado Cristo” ele mostra que Jesus Cristo ou bem era um louco - pois dizia ser o Filho de Deus - ou era o próprio Filho de Deus. O problema é que o conjunto do que ele falou é tão sério e profundo que mesmo quem é ateu não costuma descartá-lo como um doente mental. Só resta então a segunda – e maravilhosa – hipótese.   (mais…)

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