Chico Buarque

Literatura
“Kim”, de Rudyard Kipling, e outras leituras
13 de junho de 2020 at 10:48 0
Kristen Roupenian - The New Yorker

“Kim”, de Rudyard Kipling (Companhia Editora Nacional, tradução de Monteiro Lobato, 299 páginas, publicado originalmente em 1901): considerada a obra-prima do inglês Kipling, Nobel de Literatura de 1907, “Kim” conta a história da personagem-título, um garoto órfão morando na Índia, filho de um soldado inglês e de uma irlandesa que morreram na miséria. De esperteza e inteligência incomuns, o garoto tem contato com um enorme número de pessoas, passando por inúmeras aventuras. O estilo de Kipling é um pouco truncado – a história passa de um acontecimento a outro de forma frequentemente brusca –, mas “Kim”, pela descrição vívida que faz da vida na Índia, merece toda a fama que tem.

“Kurt Cobain and Nirvana - Updated Edition: The Complete Illustrated History”, diversos autores (Voyageur Press, 208 páginas, publicado originalmente em 2013): ricamente e ilustrado, o livro se concentra mais na história da banda de Kurt Cobain do que no seu vocalista e guitarrista, e tem detalhes muito interessantes – como textos em separado sobre cada álbum do Nirvana e pequenos comentários sobre cada um dos cinquenta discos preferidos do compositor de “In Bloom”. Um prato cheio para fãs e um livro tão bonito que pode perfeitamente servir de enfeite na sala.  

“Essa gente”, de Chico Buarque (Companhia das Letras, 200 páginas, publicado originalmente em 2009): Manuel Duarte é um escritor que fez muito sucesso em seu livro de estreia, mas que está com a carreira estagnada e, pior que isso, numa crise criativa. Com idas e vindas, “Essa gente” tem trechos muito engraçados e outros de uma amargura sutil – principalmente quando fala da virada à direita que o país deu nos últimos anos. Por sorte, como grande escritor que é, em “Essa gente” Chico Buarque fugiu totalmente da literatura puramente política e escreveu (mais) uma pequena obra-prima.

“A vida escolar de Jesus”, de J.M.Coetzee (Companhia das Letras, tradução de José Rubens Siqueira, 227 páginas, publicado originalmente em 2013): já escrevi aqui sobre “A Infância de Jesus”, primeira parte deste livro: “não dá para entender o que o grande J.M. Coetzee (Prêmio Nobel de 2003) quis dizer com esta história (...). David tem alguma coisa a ver com Jesus Cristo? O que exatamente ele tentou mostrar com a ilha distópica do romance, onde as pessoas se esquecem do seu passado? Por que David e Inés são tão irritantes?” Continuo sem entender o que J.M.Coetzee quer com esta história – nesta continuação, David vai para uma aula de dança ao invés de estudar como as outras crianças -, mas, pelo menos, quando comecei “A vida escolar de Jesus” eu já estava esperando ler um livro muito estranho.

“Cat person e outras histórias”, de Kristen Roupenian (Companhia das Letras, tradução de Ana Guadalupe, 251 páginas, publicado originalmente em 2019): publicado na revista New Yorker em 2017, o conto que dá nome a esta coletânea – que conta a história de uma moça que faz sexo sem vontade com um homem mais velho com quem estava flertando - fez furor no mundo inteiro (procure por “Cat person” na internet para saber do que estou falando). Os doze contos do livro são extremamente bem escritos e prendem a atenção do leitor – mas a autora frequentemente exagera nas tintas sombrias.

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“Budapeste” e “Leite Derramado”, de Chico Buarque
Literatura
“Budapeste” e “Leite Derramado”, de Chico Buarque
8 de junho de 2015 at 07:08 0
Até pelo fato de o húngaro ser um raro idioma ocidental de origem não-indoeuropeia, ele é tão difícil de aprender que é considerado o “único idioma que o diabo respeita”. Possivelmente é a complexidade da língua que fascina o ghost-writer (segundo a Wikipedia, é a pessoa que, tendo escrito uma obra ou texto, não recebe os créditos de autoria: estes ficam com aquele que o contrata ou compra o trabalho) José Costa. E que ghost-writer! O personagem principal de “Budapeste”, romance de Chico Buarque, escreve “monografias e dissertações, provas de medicina, petições de advogados, cartas de amor, de adeus, de desespero, chantagens, ameaças de suicídio”. José Costa foi se aperfeiçoando no ofício, e logo já estava publicando artigos em jornais de grande circulação, em nome de gente como o presidente da Federação das Indústrias, o ministro do Supremo Tribunal Federal, o cardeal arcebispo do Rio de Janeiro. (mais…)
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O irmão alemão, de Chico Buarque
Literatura
O irmão alemão, de Chico Buarque
30 de maio de 2015 at 23:07 0
Chico Buarque foi meu grande ídolo musical na fase de saída de infância, entrada na pré-adolescência. Lembro que, assim que comprava seus discos, passava horas com os encartes tentando decorar as suas letras (normalmente decorava-as todas). (mais…)
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