Literatura de almanaque
História

Literatura de almanaque

5 de maio de 2015 0

Embora não seja exatamente correto chamá-los de “literatura de almanaque” (segundo uma das acepções do dicionário Houaiss, “de almanaque” significa superficial, imperfeito – falando-se de cultura, conhecimento, saber, humor etc.), os livros com listas de “100 maiores” lançados recentemente pela Difel aproximam-se bastante desta definição, com tudo de ruim (falta de profundidade) e de bom (prazer na leitura, curiosidade) que este tipo de literatura carrega consigo.

As 100 Maiores Personalidades da História (586 páginas), de Michael H. Hart, “classifica os 100 personagens na história que”, na sua visão, “tenham sido os mais influentes”. A lista do autor é por ordem de importância e, certamente, sua classificação é polêmica desde o início: afinal de contas, no livro Jesus Cristo aparece em terceiro lugar, atrás de Maomé (o primeiro) e Isaac Newton.

Apesar de as tragédias (naturais ou causadas pelo homem) que constam em As 100 Maiores Catástrofes da História, de Stephen J. Spignesi (496 páginas), serem apresentadas em ordem decrescente de número de mortos, a classificação do autor é subjetiva: segundo ele, “para cada terremoto relatado no livro, existem centenas de outros com um total igual ou superior de mortes”, e assim por diante, nos casos de surtos de fome, acidentes de avião, etc.

Já a ordem das invenções mostrada em As 100 Maiores Invenções da História, de Tom Philbin (416 páginas), é cronológica – a primeira, claro, é a roda. Quanto ao avião, o autor norte-americano sequer cita o nosso Alberto-Santos Dumont, mas o tradutor inseriu uma longa nota de pé de página dando a versão do tupiniquim dos fatos.

(texto publicado no suplemento dominical do jornal O Estado do Paraná em junho de 2006)

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