BONES
Música

BONES

25 de março de 2015 0

A primeira vez que ouvi falar em Bones foi nesta reportagem do L.A. Weekly. A história do rapper branco que vivia às custas do irmão, fazia seus próprios vídeos em VHS, lançava suas músicas na internet sem cobrar um centavo para quem quisesse baixá-las, e que fumava MUITA maconha, me chamou a atenção de cara – mas eu não estava preparado para o que viria a seguir.

Foi quando meu grande amigo Leo Pyrata postou no facebook o vídeo de Ca$ey Jone$ e simplesmente não consegui acreditar no que estava assistindo: o clipe mostra Bones numa casa caindo aos pedaços, com uma postura agressiva e vestido como um rapper dos anos 90. O som era diferente de tudo o que eu já tinha ouvido antes, e o vídeo era ao mesmo tempo barato e sofisticado. Fui atrás de mais clipes dele para ver se não era apenas uma impressão positiva inicial.

O próximo vídeo que assisti de Bones foi o de Air, e eu ainda não estava preparado: não é um rap, mas uma canção profundamente triste e melancólica; o vídeo mostra o Bones sozinho, de madrugada, em vários lugares diferentes: uma tristeza imensa, como poucas vezes consegue ser transmitida em sons e imagens. Eu estava diante de um artista de verdade.

Claro, fui atrás de outros clipes do cara: Cut, quase tão triste quanto Air; Dirt, ao mesmo tempo sombrio e agressivo, num rap ao estilo de Wu-Tang Klan; Deadboy, também sombrio, que conta a história de um menino assassinado – sob o ponto de vista dele mesmo, no paraíso; Calcium, que mostra mais ou menos a ideia que eu tenho do paraíso (sem maconha, claro, porque sou abstêmio de álcool e drogas); Sixteen, hipnotizante.  O impacto de suas músicas só se compara, para mim, com as de Morrissey. Não esperava por isso a esta altura da minha vida.

Bones lança uma quantidade incrível de discos (foram uns dez só em 2014), sempre pela internet, sempre de graça. Seus shows – normalmente secundados pelos ótimos Xavier Wulf e Chris Travis – estão começando a lotar espaços grandes. Fred Durst, do Limp Bizkit, é tão fã do rapper quanto eu, tendo participado inclusive de um show com a trupe de Bones em Los Angeles (este clipe rápido é uma mostra genial do que rolou naquele dia, ops, histórico).

Mas nada disso importa: o que importa é continuarmos ouvindo este artista notável, que faz clipes tão criativos quanto suas músicas, que têm letras tão complexas e profundas quanto as melodias. Um artista completo.

Desculpem o papo de fã, mas é isso aí.

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