Meus discos preferidos: 1. “Your Arsenal” – Morrissey
Música

Meus discos preferidos: 1. “Your Arsenal” – Morrissey

23 de dezembro de 2016 0

A culpa é da Revista Bizz. Nos anos 80-início dos anos 90 o amante brasileiro do rock que hoje é chamado de indie (entre os quais eu me incluía) e que não tinha dinheiro ou inglês suficientes para ler a New Musical Express ou a Spin não tinha outra fonte para saber das novidades que não fosse a Bizz mesmo.

A revista amava The Smiths e eu ia na cola, mesmo sem entender patavina de inglês. Gostava do vocal e das melodias, mas estava longe de ser a minha banda preferida. Quando comecei a entender inglês – obrigado pelos estudos de mestrado – comecei a ler as letras de Morrissey e comecei a entender o porquê da adoração toda. Nesta época os Smiths já tinham acabado e a carreira solo estava começando a derrapar: depois de um início promissor com “Viva Hate” vieram dois discos malvistos pela crítica, “Bona Drag” e “Kill Uncle” (este último, hoje em dia desprezado pelo próprio cantor), e parecia que Morrissey não iria mais se reerguer. Só que não: o disco seguinte, “Your Arsenal”, foi incensado pela maior parte da crítica da Bizz (se bem que fiquei furioso com os dois zero que o disco levou na seção “Bolsa de Discos”, mas enfim) e parecia que o cantor inglês tinha reencontrado seu lugar.

E que lugar! Lembro como se fosse hoje quando coloquei o LP para tocar pela primeira vez e logo saiu o som de “You’re Gonna Need Someone on Your Side” das caixas de som: o que era aquele baixo rockabilly? Isto não parecia Smiths, era pesado, e era muito bom. Outra pesada – para os padrões de Morrissey – era “We Hate It When Our Friends Become Successful”, deliciosa também. O disco tinha ainda lindas baladas (“Seasick, Yet Still Docked”, “I Know It’s Gonna Happen Someday”), verdadeiros épicos (“The National Front Disco”, “Tomorrow”) e canções descontraídas (“Certain People I Know”, “You’re The One For Me, Fatty”).

A minha preferida é “We’ll Let You Know”, uma das preferidas do próprio Morrissey. Ele estava me ensinando a virar um fã de verdade – o que continuo sendo bravamente até hoje, 24 anos depois.

(este texto é dedicado ao melhor crítico da Bizz, José Augusto Lemos)

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