São Luís de Tolosa
Religião

São Luís de Tolosa

16 de outubro de 2016 0

São Luís de Tolosa (1274-1297), chamado de Louis d’Anjou em francês, era sucessor do trono de Nápoles e teve uma vida atribulada. Seu pai, Carlos II, foi feito prisioneiro depois de uma batalha naval entre napolitanos e aragoneses em 1284. Para poder libertar o então Rei de Nápoles da prisão, três de seus filhos, Luís, Roberto e Raimundo, foram feitos reféns em seu lugar – Luís era o mais velho, tendo treze anos na ocasião. Os meninos passaram sete anos presos em Barcelona e Tarragona, na Catalunha, em castelos feito presídios. As condições eram bastante duras para os meninos, e provavelmente foi lá que Luís pegou a tuberculose que acabou matando-o poucos anos mais tarde.

Ainda na prisão Luís quis tornar-se um frade menor, mas o Papa Bonifácio VIII nomeou-o arcebispo de Toulouse. Luís acabou ficando com os dois cargos, recebendo o hábito de franciscano menor em Roma em 24 de dezembro de 1296, cinco dias antes de receber título de arcebispo das mãos do papa. Ele já tinha, no ano anterior, renunciado ao trono de Nápoles em favor de seu irmão Robert. Luís de Tolosa faleceu em Brignoles em 1297, voltando de uma viagem que tinha feito para visitar sua irmã, a Rainha de Aragão.

A internet está possibilitando a pessoas comuns o acesso a obras raras. Graças ao site Gallica, a biblioteca digital da Biblioteca Nacional da França, consegui ler o livro cujo título em português é “São Luís, Príncipe Real, Arcebispo de Toulouse e a Família D’Anjou no Séc. XIII, a partir de Documentos Inéditos”, do Abade V. Verlaque. O livro foi publicado em 1885, quinhentos anos depois dos acontecimentos da vida de São Luís de Tolosa, quando, segundo o próprio autor, o santo já estava esquecido.

A história que o Abade V. Verlaque conta é fascinante, a começar pelo costume bárbaro de um pai ser trocado por três filhos em uma negociação diplomática. É certo que, contado do ponto de vista de um abade católico, o livro tende a edulcorar um pouco o caráter do biografado. Mas é impossível não simpatizar com São Luís, menino de profunda religiosidade, grande estoicismo e grande bondade. Embora o papa e seus pais quisessem que ele se tornasse um grande arcebispo, o que ele queria mesmo era ser um pobre franciscano. Suas qualidades eram tão inequívocas que já era considerado santo em vida, levando multidões por onde passava, todos querendo ver o santinho de família nobre.

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