Lily Allen, Marc Bolan, Frank Sinatra
Música

Lily Allen, Marc Bolan, Frank Sinatra

26 de março de 2016 0

Entre os músicos/compositores/bandas que eu escuto com alguma frequência, alguns eu gosto pela técnica e expressividade (John Coltrane), outros pelo tom sinistro (Burzum), pelo peso ($uicideboy$, Electric Wizard), pela complexidade (Sonic Youth, Neurosis), pelas letras (Morrissey, Bones), pela dramaticidade (Lightnin’ Hopkins) ou ainda pela simples beleza (caso de muitos lieder de Schubert). Uma cantora, o vocalista de uma banda e um cantor eu curto especialmente pela voz.

Nascida em 1985, a inglesa Lily Allen estourou nas paradas de sucesso em 2006 com o seu primeiro álbum, “Allright, still”. Em faixas deliciosas como “LDN”, “Everything’s just wonderful” ou “Friday night” a cantora mostrou seu som pop leve, divertido e melódico. A fórmula continuou dando excelentes resultados com o disco “It’s not me, is you”, de 2009, em que os maiores destaques são as faixas “22”, “Chinese”, a linda “The fear” e a desbocada (como a cantora) “Fuck you”. Depois deste disco Lily Allen anunciou que largaria a música para se dedicar à moda. Mudou de ideia com o lançamento de “Sheezus”, de 2014, que não repetiu o sucesso dos álbuns anteriores: é um bom disco, em que Lily Allen se arrisca por sonoridades diferentes – mas nada que se compare com a perfeição pop dos dois primeiros.

A delicadeza é principal característica da voz de Lily Allen: seu timbre é ao mesmo tempo agudo e agradável, quase infantil. A sonoridade de seu canto é tão limpa que às vezes parece que não é bem um ser humano que está cantando aquelas canções deliciosas.

Nascido em 1947 e falecido em 1977, o inglês Marc Bolan era o vocalista e líder da banda T.Rex (citada na edição deste mês da revista RollingStone, em sua excelente reportagem sobre os Ramones, veja só, como uma das grandes influências para a banda nova-iorquina). Um dos maiores nomes do glam rock, o T.Rex era idolatrado na Grã-Bretanha – com direito a adolescentes histéricas e tudo – mas, por mais que tentasse, nunca conseguiu fazer sucesso em terras americanas. Em sua longa discografia, o T.Rex (que se chamava inicialmente Tyrannosaurus Rex) lançou duas obras-primas indiscutíveis, “Electric Warrior” e “The Slider”. Nunca vou saber quantas vezes já escutei faixas como “Get It On”, “Telegram Sam”, “Mambo Sun”, “Lean Woman Blues”, “Mystic Lady”, “Main Man”,  e outras tantas. Só sei que quero continuar escutando enquanto eu puder.

A voz de Marc Bolan é diferente de qualquer outra que eu já tenha ouvido. Ele conseguia atingir notas graves e agudas com enorme facilidade, mas não era isto que a tornava tão original: além de uma interpretação no limite entre a dramaticidade e o deboche, seu timbre não era deste mundo. Se o também glam rocker David Bowie era o cara que falava de viagens interplanetárias, o verdadeiro extraterrestre era Marc Bolan – acho.

O terceiro que eu curto por causa da voz é Frank Sinatra. Não precisa falar nada sobre “The Voice”, né? Só escute “Nice ‘n’ easy”, “All the way” ou “It happened in Monterey” para saber do que estou falando.

 

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